
Ciro Nogueira critica governo Lula e cogita deixar o PP
Senador diz que comunicação do Planalto está desgastando o presidente e alerta para possível debandada do Centrão
O senador Ciro Nogueira (PP-PI) fez duras críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e afirmou que a atual estratégia de comunicação do Planalto está prejudicando a imagem do presidente. Em entrevista à Folha de S. Paulo, Nogueira apontou o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, como o responsável pelo que chamou de “desgaste” de Lula.
A declaração ocorre após a divulgação da pesquisa Genial/Quaest, que mostrou que a desaprovação do presidente ultrapassou 60%. Para o senador, o governo precisaria de uma mudança radical para reverter a situação, mas ele não acredita que isso vá acontecer.
Mesmo com o Progressistas tendo um ministro na Esplanada — André Fufuca, no Esporte —, Nogueira sugeriu que o partido pode se afastar do governo caso não haja mudanças na condução política.
“Se o governo não mudar drasticamente agora, em breve não teremos mais condições de manter qualquer participação na administração”, disse o ex-ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro.
Críticas à gestão e possível rompimento com o governo
O senador afirmou que sempre foi contra a entrada do PP na base governista, apesar de ter negociado diretamente com Lula a nomeação de um aliado para o Ministério do Esporte.
“Foi um erro. Esse é um governo ultrapassado, com um presidente isolado e sem disposição para tomar as decisões que o país precisa”, declarou.
Defesa de Bolsonaro e acusações sobre trama golpista
Ciro Nogueira também comentou as investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O senador, que foi citado pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cid como parte do grupo que discutia o resultado das eleições de 2022, negou qualquer envolvimento e defendeu que sempre respeitou o resultado das urnas.
“Fui um dos que convenceram o presidente a iniciar a transição. Mas é impossível que um ministro que esteve com Bolsonaro diariamente não tenha percebido nada sobre esse suposto golpe”, disse.
Ele afirmou ainda que não sabe se Mauro Cid mentiu à Polícia Federal, mas criticou sua atuação no governo Bolsonaro.
“Ele levava informações erradas ao presidente. Em uma ocasião, Bolsonaro estava fazendo uma live quando Cid entregou um papel afirmando que a vacina contra a Covid poderia causar HIV. Eu fiquei revoltado com aquilo”, revelou.
Sobre uma possível prisão de Bolsonaro, Nogueira afirmou que não há provas concretas contra o ex-presidente e que um julgamento justo não resultaria em condenação.
“Se houver um julgamento sério, não há como ele ser preso por isso. Seria péssimo para o país. As denúncias são baseadas em suposições e delações, sem provas concretas. Ele é inocente nesse caso”, declarou.
Recusa em falar sobre escândalos envolvendo Bolsonaro
O senador também questionou a postura dos comandantes das Forças Armadas, que, segundo ele, deveriam ter denunciado qualquer irregularidade assim que tomaram conhecimento.
“Agora eles aparecem falando disso? Se sabiam de algo, deveriam ter pedido demissão ou denunciado. É a palavra de um contra o outro. E eu confio mais no presidente”, disse.
Por fim, Nogueira minimizou as investigações sobre fraudes no cartão de vacinação de Bolsonaro e o escândalo da venda de joias recebidas pelo governo.
“Pelo amor de Deus, vamos virar essa página. Ninguém aguenta mais a mídia insistindo nesse discurso enquanto o país tem problemas mais urgentes. Me desculpem, mas não vou mais falar sobre isso”, concluiu.