Cláudio Castro critica ação da PF em favelas e promete plano “grandioso” de retomada de territórios dominados pelo crime

Cláudio Castro critica ação da PF em favelas e promete plano “grandioso” de retomada de territórios dominados pelo crime

Governador do RJ diz que Polícia Federal não tem preparo para atuar em comunidades e comemora o fim da “politização” do debate sobre segurança pública após decisão do STF sobre a ADPF das Favelas

Um dia após o Supremo Tribunal Federal aprovar o plano de ação da chamada ADPF das Favelas, o governador Cláudio Castro abriu as portas do Palácio Guanabara para fazer um balanço da decisão. Em entrevista ao O Globo, ele alternou críticas e elogios ao que foi decidido pelos ministros. Embora não veja o desfecho como uma vitória do seu governo, Castro celebrou o que chamou de “fim da politização” da segurança pública.

Segundo o governador, a tarefa mais urgente agora é o cumprimento do prazo de 180 dias para apresentar um plano de retomada dos territórios dominados por facções criminosas. E ele garante que vai liderar pessoalmente esse processo. “Vai ser algo grande. Não dá para fazer ações pontuais. Tem que envolver todo mundo: polícias, prefeituras, governo federal, universidades e até a imprensa”, afirmou.

Apesar de apoiar pontos da decisão do STF — como a necessidade de ambulâncias nas operações e a preservação de locais de morte para perícia —, Castro reforçou suas críticas à antiga limitação imposta pela ADPF à atuação da polícia, que, segundo ele, acabou facilitando a vida de traficantes em comunidades. “Foi uma tempestade perfeita para o crime. Enquanto a polícia era engessada, o Comando Vermelho cresceu como nunca”, disse.

Contra a PF nas comunidades

Cláudio Castro também se posicionou contra a entrada da Polícia Federal em comunidades, como propõe o STF no caso de crimes com conexões interestaduais ou internacionais. “Eles não são treinados para isso. O risco de perdermos profissionais altamente capacitados é enorme. Não quero PF subindo morro”, alertou.

O governador garante que a atuação da PF deve se restringir a investigações financeiras e tráfico em larga escala — algo que ele mesmo defende há anos com a criação do comitê Cifra. “Desde que o ministro Flávio Dino saiu, o governo federal simplesmente sumiu. O comitê virou estadual”, disparou.

Helicópteros como plataforma de tiro

Outro ponto polêmico é o uso de helicópteros como plataformas de tiro. Para Castro, essa tática é necessária e eficaz. “Em mais de 30 anos de estudo de segurança pública, nunca vi um inocente morto por disparo vindo do alto. Quando bem usado, evita confronto e dano colateral”, afirmou.

“Hora de retomar o controle”

O plano de retomada de territórios, segundo Castro, vai além da ocupação policial. Ele promete investir em tecnologia, inteligência e políticas públicas. “A gente não quer só polícia, a comunidade também não quer. Mas às vezes, em situação de conflito, é inevitável. Muitas vezes, a polícia está lá para separar bandido de bandido”, explicou.

Ao ser questionado se a nova abordagem pode aumentar a letalidade, o governador minimizou o risco: “A decisão do STF não deu carta branca para matar. Pelo contrário. Fala várias vezes sobre o uso comedido da força. Retirar a ideia de ‘ação extraordinária’ vai ajudar a termos mais presença e menos confronto”.

Recados diretos

Para quem vive nas favelas e não está envolvido com o crime, Castro deixou uma mensagem: “Agora a gente pode voltar a fazer segurança pública de verdade, sem interferência política”. Já para os criminosos, o recado foi mais duro: “Os defensores de vocês perderam. E nós vamos continuar combatendo vocês.”

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