
Clima Tenso em Campos: Homem é Detido pela PF Após xingar Lula Durante Visita ao Interior do RJ
Durante passagem do presidente pela cidade, considerada reduto bolsonarista, manifestante o chamou de “ladrão” e foi levado para prestar esclarecimentos; clima político na região escancara rejeição local ao governo.
Durante uma visita presidencial a Campos dos Goytacazes, no norte do estado do Rio, um homem foi detido pela Polícia Federal após gritar ofensas contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O episódio aconteceu na segunda-feira, enquanto o comboio de Lula seguia pela BR-101 em direção à cerimônia de inauguração de um novo prédio da Universidade Federal Fluminense (UFF).
O homem, que estava num carro parado no acostamento, emparelhou com os veículos da comitiva presidencial e passou a gritar frases como “Lula, ladrão” e “ele está roubando o meu dinheiro”, enquanto filmava a própria ação. As imagens rapidamente se espalharam pelas redes sociais.
De acordo com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência, a abordagem da PF se deu por conta da atitude considerada “temerária”. Além do motorista, outras três pessoas estavam no veículo e também foram levadas para a delegacia, mas até o momento não há informações sobre medidas tomadas contra os acompanhantes.
A Polícia Federal informou que o homem foi ouvido e liberado em seguida, e responderá pelo crime de injúria.
Visita em território hostil
O episódio ocorreu em uma cidade onde Lula enfrenta forte rejeição. Campos dos Goytacazes é historicamente uma base de apoio a Jair Bolsonaro — no segundo turno das eleições de 2022, o ex-presidente obteve 63% dos votos válidos no município, enquanto Lula recebeu 36,8%.
A passagem do presidente pela cidade foi marcada por protestos. Pichações com frases como “Fora, Lula” apareceram nos muros próximos à universidade e até um cartaz foi pendurado com os dizeres “Campos está de luto com sua presença”.
Durante a cerimônia de inauguração da UFF, Lula discursou ao lado de Dom Roberto Francisco Ferrería da Paz, bispo da diocese local, em um momento sensível: pesquisas recentes indicam queda na aprovação do presidente entre os católicos, grupo que vem sendo fortemente influenciado por vozes conservadoras como a do Frei Gilson — figura polêmica que, embora não declare apoio direto a Bolsonaro, é cada vez mais abraçada pelo bolsonarismo.
A cidade também é reduto político do deputado Rodrigo Bacellar (União), presidente da Assembleia Legislativa do Estado (Alerj), cotado como sucessor do governador Cláudio Castro. Nenhum dos dois compareceu ao evento.
A visita, que tinha como objetivo destacar investimentos na educação, acabou revelando o clima de tensão e o desgaste do governo em regiões onde a base conservadora ainda se mantém firme.