
CNJ Afasta Desembargador que Publicou Mensagens de Apoio a Bolsonaro e Associou Lula ao Comando Vermelho
Afastamento ocorre após publicações que questionam a credibilidade do sistema eleitoral e associam o presidente Lula a organizações criminosas
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu afastar por 60 dias o desembargador Marcelo Lima Buhatem, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), devido à postagem de mensagens políticas em suas redes sociais. Segundo o CNJ, o desembargador compartilhou publicações que minavam a confiança da população na justiça, além de questionar a transparência do sistema eleitoral brasileiro.
Entre os conteúdos que fundamentaram o afastamento, destaca-se uma mensagem de WhatsApp que vinculava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Comando Vermelho (CV). A mensagem, compartilhada por Buhatem, fazia referência a uma visita de Lula a uma favela, sugerindo que ele seria “convidado de honra” do grupo criminoso.
Outras postagens também chamaram atenção, como uma crítica à pesquisa do Datafolha, em que Buhatem acusou o levantamento de ser um “ato contra a democracia”. Além disso, o desembargador foi investigado por declarações de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, como uma nota em que, em sua função de presidente da Associação Nacional de Desembargadores (Andes), comentou sobre os ataques de Roberto Jefferson à ministra Cármen Lúcia, sugerindo que Jefferson agiu de forma isolada, sem conexão com Bolsonaro.
Além das postagens políticas, Buhatem foi alvo de investigações sobre supostas falhas em sua imparcialidade e paralisação de processos, mas não foram encontradas evidências suficientes para sustentar essas acusações.
Apesar de uma proposta inicial de afastamento por 90 dias, o Plenário do CNJ optou por uma punição de 60 dias, conforme sugerido pelo conselheiro Caputo Bastos. O julgamento ocorreu no dia 8 de abril. A defesa do desembargador alegou que ele apenas interagiu com publicações institucionais, sem manifestar apoio explícito a Bolsonaro, e que as interações ocorreram após o período eleitoral, afastando qualquer vínculo com a candidatura do ex-presidente.