Condenado por Tráfico em Avião Presidencial: A História do Sargento da FAB que Usava Motéis como Base

Condenado por Tráfico em Avião Presidencial: A História do Sargento da FAB que Usava Motéis como Base

Droga, motéis e transporte aéreo oficial
O ex-sargento da Força Aérea Brasileira (FAB), Manoel Silva Rodrigues, condenado por transportar 39 kg de cocaína em um avião presidencial, utilizava um motel no Núcleo Bandeirante, Distrito Federal, como ponto de recebimento da droga. A investigação revelou que, em pelo menos três ocasiões, o local foi parte fundamental no esquema.

Condenado pelo Superior Tribunal Militar (STM) a 17 anos de prisão em 2024, Manoel teria levado a cocaína ao avião que integrava a comitiva presidencial com destino a Tóquio, fazendo escala em Sevilha, na Espanha. A defesa do ex-sargento foi procurada, mas não se manifestou.

Os bastidores do esquema
Segundo o processo, o sargento visitou o motel em junho de 2019, dois dias antes do embarque, ficando cerca de uma hora no local. Ele teria deixado o veículo com a droga em um ponto estratégico, provavelmente na Base Aérea da FAB, para posteriormente transferir o material ao avião presidencial.

Essa prática, no entanto, não era isolada. Investigações mostraram que o sargento já havia utilizado o motel em outras duas ocasiões, antes de missões internacionais. Em abril de 2019, após uma estadia no local, viajou para o Azerbaijão com escala em Madri, onde acredita-se que tenha entregue o entorpecente. Já em maio, após retornar de uma missão em Recife, o ex-sargento teria ido ao motel para comemorar com sua esposa, reforçando a naturalidade com que o espaço era utilizado no esquema.

Mensagens reveladoras e um celular secreto
As suspeitas sobre o uso do motel foram confirmadas por mensagens enviadas à esposa de Manoel. Em uma delas, ela questiona a presença de um pente com o logotipo do motel na mochila do marido. Apesar da tentativa de explicação, o comportamento chamou a atenção dos investigadores.

Outro elemento-chave da investigação foi a descoberta de um celular alternativo, utilizado para coordenar o tráfico. O aparelho também foi motivo de atrito conjugal: o sargento enviou mensagens se passando por outra pessoa para testar a fidelidade da esposa, o que levou à desconfiança de que o celular tinha outro propósito — justamente o de facilitar os contatos relacionados ao tráfico.

Um crime que não foi isolado
Embora o ex-sargento tenha sido o único condenado no caso, o esquema indicava a participação de outras pessoas, incluindo militares da FAB. Dados obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI) revelaram que, entre 2018 e 2024, 641 militares das Forças Armadas foram condenados por envolvimento com drogas, incluindo membros do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

O impacto do caso e a resposta oficial
O Exército, em nota, destacou que seus integrantes são “um recorte da sociedade brasileira” e, como todos os cidadãos, estão sujeitos às leis. As demais Forças Armadas não se pronunciaram até o fechamento desta reportagem.

O caso de Manoel Silva Rodrigues expõe não apenas a vulnerabilidade do sistema de fiscalização em operações oficiais, mas também o envolvimento de militares em crimes que contrastam diretamente com o código de conduta das Forças Armadas. Essa condenação é um passo importante para responsabilizar envolvidos e enviar um sinal de que tais ações não serão toleradas.

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