
Confronto no STF: Moraes ameaça prender Aldo Rebelo em depoimento tenso
Ex-ministro da Defesa reage com indignação a cobranças do ministro sobre respostas objetivas no caso da suposta tentativa de golpe
Durante o depoimento desta sexta-feira (23), no Supremo Tribunal Federal (STF), o clima esquentou entre o ministro Alexandre de Moraes e o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo. A tensão tomou conta da sessão quando Rebelo se recusou a dar respostas diretas às perguntas feitas pela defesa do almirante Garnier Santos, acusado de colocar a Marinha à disposição de uma tentativa de golpe de Estado liderada por Jair Bolsonaro.
A situação ficou crítica quando Moraes, irritado com as digressões semânticas de Rebelo — que chegou a explicar que na língua portuguesa nem tudo deve ser entendido literalmente, citando expressões como “estar frita” — exigiu objetividade. “O senhor não estava na reunião quando o almirante falou essa expressão, então não tem como avaliar o significado da frase. Foque nos fatos”, ordenou o ministro.
Sentindo-se censurado, Aldo Rebelo respondeu com firmeza: “Minha interpretação da língua portuguesa é pessoal, não aceito censura.” A resposta levou Moraes a ameaçá-lo com prisão por desacato caso não cooperasse.
Pressionado, Rebelo finalmente respondeu que o comandante da Marinha não poderia acionar as tropas por conta própria, pois qualquer ação precisa passar por toda a cadeia de comando das Forças Armadas. Porém, ao tentar aprofundar o tema, Moraes encerrou as perguntas da defesa, destacando a irrelevância do debate para o caso atual e citando como exemplo o golpe militar de 1964, que não seguiu a cadeia formal de comando.
Além desse episódio, o ex-vice-presidente Hamilton Mourão também prestou depoimento e afirmou não ter conhecimento de planos golpistas durante seu mandato, classificando os ataques ao Congresso e ao STF em 8 de janeiro de 2023 como “baderna” e culpando o governo Lula pela falta de ação preventiva.
A sessão mostrou como o STF está no centro de um processo delicado, que investiga a tentativa de golpe contra a democracia brasileira envolvendo altos militares e ex-aliados de Bolsonaro.