Conselheiro da Vale deixa empresa e denuncia “nefasta influência política”
Um dos conselheiros independentes da Vale, José Luciano Duarte Penido, deixou a empresa e emitiu uma carta-renúncia na qual denuncia que o processo de sucessão da companhia está sendo conduzido de maneira manipulada e influenciada por interesses políticos prejudiciais.
Penido, que atuava como conselheiro desde 2019, expressou sua falta de confiança na honestidade dos principais acionistas da empresa e afirmou que sua permanência como conselheiro independente se tornou ineficaz e frustrante diante do cenário atual.
A Vale foi contatada para confirmar a autenticidade da carta, mas a empresa, por meio de sua Assessoria de Imprensa, optou por não comentar o assunto, o que, segundo alguns observadores, demonstra uma atitude de submissão ao governo.
Recentemente, a Vale tem sido alvo de pressões por parte do governo, que tentou indicar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para o cargo de CEO da empresa, em substituição a Eduardo Bartolomeu.
A renúncia de Penido ocorreu após o conselho de administração da Vale decidir estender o mandato de Bartolomeu até dezembro deste ano, prorrogando o prazo para negociar uma solução que agradasse aos acionistas e ao governo. Essa solução envolve a contratação de uma empresa para selecionar candidatos para o cargo de CEO.
Penido teria sido um dos dois conselheiros que se opuseram a essa solução. Ele possui vasta experiência no setor de commodities, tendo atuado como CEO da Samarco por 13 anos e como presidente do conselho da Fibria por mais de 10 anos.
A insistência do governo em indicar alguém alinhado aos seus interesses para liderar a Vale chegou a afetar o valor das ações da empresa, levando o ex-presidente Lula a recuar na indicação de Mantega.
O governo, mesmo sem ter assento na Vale, tem tentado influenciar suas decisões, tratando a Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil), maior acionista individual da empresa, como se fosse uma extensão do Executivo.