
CPI do INSS expõe racha na base aliada de Lula e pressiona ministro Carlos Lupi
Mais de 25% das assinaturas por investigação de fraudes em aposentadorias vieram de deputados ligados a partidos com cargos no governo
A pressão por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar fraudes em descontos indevidos nas aposentadorias e pensões pagas pelo INSS está ganhando força – e, surpreendentemente, não só entre os opositores do governo. Deputados de partidos que integram a base de apoio do presidente Lula e ocupam ministérios assinaram mais de um quarto dos 184 pedidos que impulsionam a criação do colegiado.
O principal alvo da investigação é o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, que já admitiu ter conhecimento do esquema, mas minimizou sua responsabilidade direta. As suspeitas envolvem irregularidades na autorização de descontos em benefícios do INSS, muitas vezes ligados a associações fantasmas e entidades de fachada.
Na lista de apoiadores da CPI aparecem parlamentares de partidos com ampla presença no governo federal, como Republicanos, Progressistas (PP), União Brasil, MDB e PSD. Todos esses partidos indicaram ministros à Esplanada.
Quem assinou e surpreendeu
Entre os nomes do Republicanos – partido que comanda o Ministério de Portos e Aeroportos – estão os deputados Diego Garcia (PR), Franciane Bayer (RS) e Celso Russomano (SP).
Já o Progressistas, que detém o Ministério dos Esportes, aparece com assinaturas de nomes como Pedro Lupion (PR), Covatti Filho (RS) e Fausto Pinato (SP).
O União Brasil, com três ministérios no governo, lidera o número de assinaturas, reunindo figuras conhecidas como Kim Kataguiri (SP), Rosângela Moro (SP), Coronel Assis (MT) e Cristiane Lopes (RO).
No MDB, sigla que também ocupa três pastas federais, constam nomes como Osmar Terra (RS) e Sérgio Souza (PR).
Já o PSD contribuiu com deputados como Sargento Fahur (PR), Ismael (SC) e Carlos Sampaio (SP).
Apesar de o número de assinaturas já ultrapassar o mínimo de 171 necessárias para a instalação da CPI, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), indicou que há pelo menos 12 outros pedidos de comissões na fila. Pela regra atual, apenas cinco CPIs podem funcionar simultaneamente. Ainda assim, a oposição tenta um acordo para que a CPI do INSS entre na lista de prioridade.
A crise no colo de Lupi
O escândalo não apenas colocou em xeque a atuação do INSS, mas também ameaça o já fragilizado ministro Carlos Lupi. Embora integrantes do governo tentem blindá-lo – como a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que defendeu sua permanência no cargo – cresce nos bastidores a expectativa de uma possível troca no comando da Previdência.
A crise atinge em cheio a imagem do governo Lula e revela o quanto a base parlamentar está fragmentada, especialmente quando se trata de temas sensíveis como corrupção e desvio de recursos da Previdência, um dos pilares do sistema social brasileiro.