
Crise diplomática à vista: EUA enviam recado duro a Moraes após censura nas redes
Departamento de Justiça americano diz que decisão do ministro não vale em solo dos EUA e ele não pode impor ordens a empresas estrangeiras
O clima entre Brasil e Estados Unidos esquentou de vez. Segundo o The New York Times, o Departamento de Justiça dos EUA mandou uma carta diretamente ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deixando claro seu descontentamento com uma decisão dele que mandou a plataforma americana Rumble derrubar perfis de um usuário no Brasil.
O jornal afirma ter tido acesso ao documento, que foi enviado agora em maio. Nele, o governo americano reconhece que Moraes tem autoridade para aplicar a lei dentro do Brasil, mas ressalta que ele não pode estender essa autoridade sobre empresas que operam em solo norte-americano.
Procurada, a assessoria do ministro preferiu não comentar o caso.
O episódio acontece em meio a uma crescente pressão internacional sobre Alexandre de Moraes, que virou alvo de processos nos EUA movidos pela Rumble e também pela empresa ligada a Donald Trump, a Trump Media & Technology Group. As companhias acusam Moraes de violar a Primeira Emenda da Constituição americana, que garante a liberdade de expressão, ao determinar o bloqueio de perfis de influenciadores de direita brasileiros.
Pressão e ameaça de sanções
O clima azedou ainda mais depois que o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, avisou publicamente que o país pretende restringir vistos para estrangeiros envolvidos na “censura contra americanos”.
Na rede social X (antigo Twitter), Rubio foi direto:
— “Se você persegue americanos por exercerem sua liberdade de expressão, não deveria ter o privilégio de viajar para os EUA”, disparou.
Rubio já vinha falando no Congresso americano sobre a possibilidade de sanções contra Moraes, e agora a ameaça parece estar ganhando corpo. Vale lembrar que Moraes já havia se envolvido em outra crise internacional, desta vez com Elon Musk, dono do X, por conta de ordens para remover contas e perfis no Brasil.
Governo brasileiro corre para apagar incêndio
Com o risco real de sanções, diplomatas brasileiros correram para tentar acalmar os americanos. Segundo o The New York Times, o próprio ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, entrou em campo e iniciou conversas diretas com autoridades dos EUA.
A linha adotada pelo Itamaraty é a de que as decisões de Moraes não são ataques à liberdade de expressão, mas sim medidas tomadas para proteger a democracia, especialmente diante de ameaças como a invasão aos prédios dos Três Poderes em janeiro de 2023 e planos golpistas que teriam sido descobertos pela Justiça brasileira.
Eduardo Bolsonaro no meio da confusão
Quem também está no centro dessa crise é Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Atualmente nos Estados Unidos, Eduardo tem se articulado com políticos locais e lideranças conservadoras para atacar o STF e pressionar diretamente Alexandre de Moraes.
Essa atuação levou a Procuradoria-Geral da República (PGR) a pedir — e o STF a abrir — um inquérito contra ele, que agora pode enfrentar consequências na Justiça brasileira.
🚨 Relações estremecidas
O The New York Times alerta que qualquer movimento do governo americano contra Moraes pode abalar, e muito, a relação diplomática entre os dois países, que já não anda lá essas coisas desde a volta de Trump ao poder.
O recado dos EUA é claro: decisões judiciais brasileiras não podem ultrapassar as fronteiras do país. E o tabuleiro da diplomacia, agora, parece ter virado um campo minado.