
Crise na Previdência abala governo LulaFraude bilionária no INSS coloca Carlos Lupi na berlinda e ameaça aliança com o PDT
A pressão política no Palácio do Planalto aumentou nesta sexta-feira (2), com uma reunião marcada entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. O encontro acontece em meio ao desgaste causado pela descoberta de um esquema bilionário de fraudes no INSS, e pode decidir o futuro de Lupi no governo. Segundo o líder do PDT na Câmara, deputado Mário Heringer (MG), a reunião está agendada para as 16h.
A possível saída de Lupi desagradou o PDT, que ameaça romper com a base de apoio ao governo no Congresso. O partido considera que o ministro está sendo injustamente desgastado, especialmente após o presidente Lula ter nomeado, sem consulta prévia, o procurador federal Gilberto Waller Junior como novo presidente do INSS — substituindo Alessandro Stefanutto, exonerado após o escândalo vir à tona.
“O tratamento que o governo deu ao ministro foi, no mínimo, desrespeitoso. A permanência do PDT na base está em jogo”, afirmou Heringer, que já declarou ser favorável à saída do partido da coalizão governista.
A crise se agravou após a deflagração da Operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal em conjunto com a Controladoria-Geral da União. As investigações revelaram um esquema de descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas. A fraude teria causado prejuízos de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, podendo chegar a R$ 8 bilhões se considerados os dados desde 2016.
Apesar de a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, ter defendido a permanência de Lupi, ela também deixou claro que qualquer implicação futura poderia levar à sua saída. Essa indefinição e o desgaste público abriram uma fissura política que Lula tenta agora conter antes que se transforme em uma crise de governabilidade.