Crise no INSS expõe racha entre PDT e governo Lula: “Constrangimento total”, diz líder da bancada

Crise no INSS expõe racha entre PDT e governo Lula: “Constrangimento total”, diz líder da bancada


Deputado Mário Heringer critica duramente o Planalto pela forma como tratou Carlos Lupi e ameaça romper com a base aliada caso o ministro seja demitido

A crise no INSS não só abalou as estruturas do governo Lula como também está provocando fissuras dentro da base aliada. O líder do PDT na Câmara dos Deputados, Mário Heringer (MG), não poupou críticas ao tratamento que o Planalto tem dado ao ministro da Previdência, Carlos Lupi — nome histórico do partido e agora no centro de uma tempestade política após a revelação de um esquema bilionário de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social.

Segundo Heringer, a demissão de Lupi poderá levar o PDT a abandonar de vez a base governista. “Defendo a saída [do governo] e, até onde sei, minha bancada também. É claro que não depende só de mim, mas essa é a posição que levarei até o fim”, declarou nesta quarta-feira (1º).

Para ele, a condução da crise foi marcada por incoerência e desprezo à parceria com o partido. Ele criticou duramente a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, por sua fala “ambígua”, em que defendeu Lupi, mas ao mesmo tempo sinalizou um possível afastamento. O golpe final, no entanto, veio poucas horas depois, com a nomeação do novo presidente do INSS, Gilberto Waller Junior — feita sem sequer consultar o próprio Lupi.

“A entrevista da Gleisi foi salomônica. Ela diz que o ministro será mantido, e logo depois Lula indica outro nome para o comando do INSS sem ouvir quem está à frente da pasta. Isso é desmoralizante”, protestou Heringer. “Se o governo realmente respeitasse a posição do PDT, teria chamado o Lupi para fazer essa indicação em conjunto.”

“O governo também assinou embaixo”

O líder pedetista também ressaltou que a responsabilidade pelas nomeações dentro do INSS não é só de Lupi. “Ele indicou, sim. Mas quem aprova é a Casa Civil. Ou seja, o governo também assinou embaixo. Agora, jogam toda a responsabilidade no colo do ministro como se ele tivesse feito tudo sozinho. Isso é constrangedor.”

A tensão aumentou após a operação da Polícia Federal e da CGU, que identificou um esquema de cobranças indevidas que teria desviado cerca de R$ 6,3 bilhões dos cofres públicos entre 2019 e 2024. A investigação levou à queda de Alessandro Stefanutto, então presidente do INSS e indicado por Lupi.

Além de Stefanutto, outros seis membros do alto escalão do INSS também estão na mira. A Justiça autorizou a quebra dos sigilos telefônico e digital dos envolvidos, aumentando a pressão sobre o ministério.

CPI à vista

Enquanto o PDT ameaça desembarcar do governo, a oposição acelera. Um requerimento para abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) já foi protocolado na Câmara para investigar a fundo o esquema no INSS — o que promete aumentar ainda mais a temperatura política em Brasília.

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