De olho no Planalto, Eduardo Leite troca PSDB pelo PSD e aquece o tabuleiro de 2026

De olho no Planalto, Eduardo Leite troca PSDB pelo PSD e aquece o tabuleiro de 2026

Governador gaúcho se junta ao partido de Kassab, que amplia sua influência com dois presidenciáveis, ministros em Brasília e alianças tanto com Lula quanto com bolsonaristas

Quatro anos após perder as prévias do PSDB para João Doria, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, tenta voltar ao jogo presidencial, agora por outro caminho: o PSD. A mudança de sigla marca uma guinada estratégica para quem passou mais de duas décadas no ninho tucano, mas nunca chegou a ser uma escolha natural do partido para disputar o Planalto.

O PSD, por sua vez, acolhe Leite em um momento de crescimento e pluralidade. A legenda conta hoje com três ministros no governo Lula, uma ala bolsonarista ativa e, agora, dois nomes cotados para 2026: além de Leite, há o governador do Paraná, Ratinho Júnior. Para analistas políticos, no entanto, essa movimentação tem menos a ver com projetos presidenciais concretos e mais com barganha política: quanto mais fortes os nomes no tabuleiro, mais alto o preço pelo apoio no segundo turno.

Não à toa, o PSD é conhecido por jogar nos dois lados. Desde que foi criado por Gilberto Kassab em 2011, nunca lançou de fato um candidato à Presidência — e se consolidou como uma força centrista, sempre presente no governo, seja qual for o ocupante do Planalto. O próprio Kassab, atualmente secretário do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas em São Paulo, garante que o partido continua alinhado com Lula, mas não fecha as portas para ninguém.

Durante o ato de filiação na última sexta-feira, Eduardo Leite reforçou sua disposição de liderar um projeto para 2026. Já Kassab deixou claro que vê com bons olhos o reforço gaúcho: além de aumentar a capilaridade do PSD no Sul, a presença de Leite pode render mais prefeitos e vereadores — e, por tabela, mais poder de negociação no cenário nacional.

A entrada de Leite também gerou reações do PSDB. O ex-senador Aécio Neves, um dos principais caciques tucanos, ironizou a mudança, afirmando que Leite agora está em um partido que “consegue ser de esquerda, de centro e de direita ao mesmo tempo”.

Para o cientista político Eduardo Grin, da FGV, a estratégia do PSD é clara: fortalecer sua estrutura, eleger mais parlamentares e manter relevância nos bastidores. Ele acredita que o partido dificilmente lançará um nome competitivo em 2026, mas usará sua força para negociar com quem estiver mais perto da vitória. No caso de Leite, o provável destino político, segundo Grin, seria o Senado, e não o Planalto.

Ainda assim, a movimentação do governador gaúcho agita o cenário e reforça a vocação do PSD: ser indispensável em qualquer aliança. Como disse um especialista ouvido pelo Correio, “Kassab não quer disputar a eleição — quer ser disputado”.

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