
Déficit Recorde nas Estatais: O Peso da Gestão Lula 3 em 15 Anos
Resultados históricos acendem alerta sobre governança e uso político das estatais
As estatais federais enfrentam um dos períodos mais críticos desde 2009, com um déficit acumulado de R$ 5,1 bilhões entre 2023 e outubro de 2024. Especialistas apontam que o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva trouxe retrocessos significativos na gestão e na saúde financeira dessas empresas, segundo dados do Banco Central.
Só neste ano, até outubro, o rombo chegou a R$ 4,45 bilhões, o maior já registrado na série histórica, mesmo sem incluir gigantes como Petrobras e Eletrobras. Para efeito de comparação, nos dois últimos anos do primeiro mandato de Dilma Rousseff, o déficit, ajustado pela inflação, foi de R$ 3,1 bilhões.
O Ministério da Gestão e da Inovação, no entanto, minimiza os números, afirmando que o resultado primário não é suficiente para avaliar a saúde das empresas. Em nota, a pasta destacou que as 44 estatais federais geraram R$ 197,9 bilhões em lucros líquidos em 2023 e contribuíram com quase R$ 130 bilhões para o Tesouro Nacional e acionistas privados.
Críticas e riscos: o peso das indicações políticas
Elena Landau, economista e ex-responsável pelo programa de desestatização no governo FHC, critica duramente o cenário. Para ela, a revogação de critérios técnicos na escolha de diretores, facilitada por uma liminar do STF em 2023, abriu caminho para indicações políticas sem qualificação. “As estatais estão repetindo os erros do governo Dilma, com uso para políticas públicas desordenadas e alavancagem perigosa”, afirma Landau.
Um exemplo emblemático é a Telebras, que voltou a depender do Tesouro, enfrentando dificuldades para honrar despesas e pagar fornecedores. Para Landau, a estatal perdeu sua relevância e agora serve como moeda de troca política.
Privatizar ou reformar? O debate sobre o papel das estatais
Nelson Marconi, da FGV, sugere que é preciso analisar cada estatal individualmente, balanceando o viés ideológico com sua importância social. Ele acredita que algumas empresas, como a Petrobras, estão retomando investimentos estratégicos, mas alerta para o uso político generalizado, citando a Codevasf como exemplo de má gestão de recursos públicos.
Economistas concordam que, se mal administradas, empresas como Telebras e Correios devem ser reformadas ou privatizadas. “Elas só devem existir se cumprirem um papel social claro e contribuírem de forma eficiente para a sociedade”, ressalta Marconi.
Desafios para 2025: será possível virar o jogo?
O próximo ano será decisivo. O mandato de conselheiros e diretores das estatais termina em abril, o que abre espaço para mudanças estruturais. Com a recente validação da Lei das Estatais pelo STF, espera-se maior rigor na escolha dos gestores.
Ainda assim, especialistas alertam que apenas ajustes na governança não bastarão para reverter o cenário crítico das estatais, especialmente se o governo continuar priorizando ganhos políticos em detrimento da eficiência e do interesse público.