Delatores citam Rui Costa e esposa em escândalo dos respiradores fantasmas
Rui Costa autorizou pagamento de R$48 milhões por respiradores que nunca foram entregues
Dois delatores mencionam o nome do ex-governador da Bahia e atual ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), e da então primeira-dama baiana Aline Peixoto em depoimentos à Polícia Federal no que ficou conhecido como escândalo da compra de respiradores fantasmas pelo Consórcio Nordeste, à época liderado pelo político do PT.
Durante a crise da pandemia de covid-19, um grupo de governadores, sob liderança de Rui Costa, desembolsou R$48 milhões na aquisição de respiradores. O contrato, intermediado por pessoas que se apresentavam como representantes do petista, foi fechado com uma empresa especializada na venda de produtos à base de maconha, sem experiência prévia em negociações de equipamentos hospitalares. A transação foi concluída em abril de 2020 e, até o momento, nenhum respirador foi entregue e o valor total não foi recuperado.
A empresa em questão, Hempcare, que assinou o contrato com o Consórcio Nordeste, possuía um capital social de apenas R$100 mil e dois funcionários registrados.
A proprietária da empresa, Cristiana Taddeo, afirmou em sua delação à PF, segundo informações do portal Uol, que o negócio foi intermediado por um empresário que se dizia amigo de Rui Costa e de Aline Peixoto, esposa do político. Ela declarou em seu depoimento que uma comissão no valor de R$11 milhões foi cobrada para a celebração do contrato, mas não soube especificar se o montante foi dividido entre os intermediários do governo.
Parte do pagamento foi adiantada e, até o momento, há disputas sobre a restituição dos valores.
O ex-secretário da Casa Civil da Bahia, Bruno Dauster, confirmou em seu depoimento à PF que a negociação foi aprovada pelo chefe, Rui Costa.
A compra começou a enfrentar problemas quando a Hempcare não conseguiu os respiradores, não tinha autorização para importar equipamentos hospitalares e, ao tentar adquirir os produtos de fornecedores chineses, foi informada de que não estavam disponíveis. A empresa tentou comprar os equipamentos de fornecedores nacionais, mas sem sucesso.
A delação de Cristiana Taddeo foi homologada pelo ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça, em 2022.
Rui Costa negou as acusações, afirmando que ordenou uma investigação pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia, que resultou na prisão dos responsáveis pelo desvio. Quanto ao adiantamento do pagamento dos equipamentos, ele justificou que “em todo o mundo [as compras] foram feitas com pagamentos antecipados”.