Delegado responsável por prisão de ex-ministro de Bolsonaro é indiciado por abuso de autoridade
De acordo com informações da Polícia Federal (PF), o delegado Bruno Calandrini enfrenta acusações por condutas irregulares nas investigações que levaram à prisão do ex-ministro Milton Ribeiro, sob suspeita de corrupção no Ministério da Educação (MEC) | Foto: Arquivo/Agência Brasil Saiba mais sobre este assunto O delegado da Polícia Federal, Bruno Calandrini, que conduziu as investigações resultando na prisão do antigo ministro da Educação, Milton Ribeiro, foi formalmente acusado pela Polícia Federal de cometer abuso de poder, além de outros delitos.
As ações questionadas ocorreram durante as apurações que associaram Ribeiro a possíveis atos corruptos no MEC, durante o mandato do presidente Bolsonaro.
Ribeiro foi preso em 22 de junho de 2022, junto a dois pastores, sob a acusação de estabelecerem um esquema de corrupção dentro do Ministério da Educação, focado na distribuição de verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). O ex-ministro foi liberado após um dia detido.
Antes da detenção do ex-ministro, em maio de 2022, Calandrini expressou, em mensagens a colegas, frustração com a “interferência nas investigações contra Milton”.
Imediatamente após a prisão de Ribeiro, a PF anunciou que investigaria a alegada interferência na operação.
Calandrini, reclamando de um tratamento diferenciado dado ao caso do ministro por seus colegas, chegou a solicitar a prisão de membros da alta cúpula da PF, levando o assunto ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Em 30 de setembro de 2022, por se tornar considerado “parte” no caso, Calandrini foi afastado da investigação pela Corregedoria da PF.
O inquérito para averiguar a suposta interferência nas investigações foi aberto em 7 de outubro de 2022 e concluído em 6 de março de 2024.
A conclusão da PF foi de que não houve interferência como alegado por Calandrini, e ele foi indiciado por “prevaricação (artigo 319 do Código Penal); inserção de dados falsos em sistema de informações (artigo 313-A do Código Penal Brasileiro); e abuso de autoridade”.
Segundo o documento da Corregedoria, Calandrini teria tomado depoimentos de funcionários públicos sem a devida autorização para investigar a suposta conexão deles com o esquema liderado pelo ministro.
Os depoimentos de quatro funcionários colhidos sem autorização foram: João Batista Silva Barbosa, Diretor de Administração Penitenciária; Vinicius Araújo de Lima, delegado da Polícia Federal; Samuelson Yoiti Igaki, Secretário de Estado de Administração Pública; e Carlos Olavo Silveira, Diretor de Inteligência da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SAP).
O relatório da Corregedoria aponta ainda que esses depoimentos não foram integrados ao inquérito.
A PF esclarece que, ao suspeitar da envolvimento de agentes federais em crimes, é papel da Corregedoria abrir um inquérito, comunicando o fato ao Ministério Público e indicando um delegado para supervisionar o caso.
Foi apontado também que Calandrini impôs sigilo à sua investigação “sem justificativa”, conforme indicado no relatório da PF.
FONTE: Revista Oeste