
Deputada do MDB recua e retira apoio ao PL da Anistia
Enquanto Planalto tenta segurar sua base, projeto que favorece golpistas do 8 de janeiro avança com apoio silencioso de aliados
Em meio à polêmica sobre o Projeto de Lei da Anistia, que busca perdoar réus e condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, a deputada Helena Lima (MDB-RR) decidiu voltar atrás e retirou sua assinatura do requerimento de urgência que aceleraria a tramitação da proposta. A iniciativa foi formalizada nesta segunda-feira (14), mesmo dia em que o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), protocolou oficialmente o pedido de urgência na Câmara.
A decisão da parlamentar ocorre em meio a um esforço do Palácio do Planalto e de lideranças do PT para frear o avanço do projeto dentro da própria base aliada. Na última quinta-feira, Helena ainda constava na lista de 21 deputados do MDB que haviam aderido ao requerimento. Hoje, seu nome desapareceu do rol de apoiadores disponíveis no site da Câmara.
Apesar da movimentação do governo para conter o avanço do PL, os números mostram um cenário preocupante: mais da metade das 262 assinaturas reunidas até agora — cerca de 55,7% — vieram justamente de partidos que compõem o alto escalão do governo Lula, como União Brasil, MDB, PP, PSD e Republicanos.
A irritação também se estendeu ao Podemos, partido que não ocupa ministérios, mas tem influência no governo por meio da presidência da Geap, operadora de saúde dos servidores públicos. A legenda entregou nove assinaturas, incluindo a da própria presidente do partido, Renata Abreu, o que gerou um sentimento de traição entre os petistas.
Na tentativa de conter a sangria, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, iniciou uma ofensiva pública e nos bastidores, cobrando coerência dos aliados: “Quem é governo não pode apoiar um projeto que mergulha o país numa crise institucional. É hora de saber quem está de fato do nosso lado.”
Mesmo com as pressões, até agora Helena Lima foi a única a recuar. Pior: desde quinta-feira, outros 14 deputados assinaram o requerimento — ou seja, o movimento contrário ao projeto ainda está perdendo terreno.