
Deputado agressor calça tênis e apela ao drama: “marcha da salvação” rumo a Brasília
Glauber Braga agora troca a agressividade por caminhadas simbólicas, ônibus e discursos emocionados na tentativa de escapar da cassação
Depois de agredir um militante do MBL, virar alvo do Conselho de Ética e até fazer greve de fome no plenário, o deputado Glauber Braga (Psol-RJ) decidiu que o próximo passo — literalmente — é tentar comover o país com uma caminhada simbólica do Rio de Janeiro até Brasília. A ideia é simples: transformar sua defesa em espetáculo e seu processo de cassação num roteiro épico com paradas em várias cidades.
O trajeto completo tem mais de 1.100 km, mas, como nem mesmo um mandato ameaçado garante pernas de ferro, o parlamentar já avisou que vai “andar o que der” e completar o resto de ônibus ou outros transportes. A tal “marcha pela democracia” começa no dia 26 de junho e deve terminar no dia 1º de julho — com muitas pausas, selfies e discursos pelo caminho.
“Não vai dar pra ir tudo a pé, senão não chego”, admitiu em entrevista ao programa Café com Política, do jornal O Tempo. O detalhe que ele omite: o que talvez realmente não chegue é o próprio mandato até lá.
A jornada faz parte de uma caravana nacional que Glauber iniciou nesta semana, com a meta de visitar todos os estados do Brasil e “explicar ao povo o que está acontecendo” — ou seja, defender seu mandato, que está por um fio após a agressão registrada no ano passado.
Antes da ideia da caminhada, o deputado já tinha recorrido a outro gesto dramático: uma greve de fome. Foram mais de 200 horas sem comer, acampado no Plenário, tentando arrancar simpatia e, quem sabe, salvar sua pele. O jejum acabou depois de uma costura política envolvendo Hugo Motta, Sâmia Bomfim e Lindbergh Farias, que garantiu ao deputado ao menos um fôlego temporário: a promessa de que a votação do processo não entraria na pauta neste semestre.
A estratégia é clara — transformar uma atitude condenável num ato de resistência heroica. Glauber agora tenta reescrever a narrativa: de agressor a mártir, de acusado a peregrino da justiça. O problema é que, por mais que ele ande, o desgaste político caminha ainda mais rápido.
E assim segue a nova fase do parlamentar: menos socos, mais slogans; menos argumentos jurídicos, mais espetáculo. Só resta saber se, quando (ou se) chegar a Brasília, Glauber ainda terá a quem convencer — ou se tudo isso será apenas mais um capítulo de um mandato que tropeçou nas próprias atitudes.
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