Deputado aposta no feriado para esvaziar pressão sobre anistia aos golpistas do 8 de Janeiro

Deputado aposta no feriado para esvaziar pressão sobre anistia aos golpistas do 8 de Janeiro

Hugo Motta tenta manobrar votação polêmica em meio à baixa presença de parlamentares e resistência dentro e fora do Congresso

Enquanto boa parte do país se preparava para o descanso do feriado, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) tentava, nos bastidores, um movimento estratégico: usar o esvaziamento natural do Congresso para acelerar a tramitação do projeto de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. A ideia era simples — e questionável: aproveitar o ritmo lento de Brasília para aliviar a pressão popular e institucional que vem crescendo contra a proposta.

Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Motta se articula para que a votação ocorra justamente nesse cenário de atenção dispersa. Ainda que o feriado prolongado funcione como cortina de fumaça, a tentativa não passou despercebida por parlamentares que se opõem ao texto e também por movimentos sociais e entidades da sociedade civil que veem a proposta como um retrocesso inaceitável.

Apesar das manobras, a pressão contrária segue firme. Partidos e parlamentares de diferentes espectros ideológicos têm se unido para barrar qualquer tipo de anistia ampla que possa livrar de responsabilidade aqueles que participaram dos atos golpistas contra as instituições democráticas. A lembrança do caos e da violência daquele 8 de janeiro ainda está viva na memória coletiva — e muitos veem essa tentativa de anistia como uma afronta à democracia.

Motta tenta justificar a proposta como uma “pacificação”, mas a palavra soa vazia diante do histórico de destruição, invasão e afronta à ordem institucional. No Congresso, cresce o entendimento de que não se trata apenas de votar um projeto, mas de defender — ou trair — os princípios que sustentam o Estado Democrático de Direito.

A estratégia do deputado para aproveitar o recesso pode até ganhar tempo, mas não apaga as feridas abertas naquele dia sombrio da história recente do Brasil. A luta agora é para que a memória não seja silenciada em nome de uma suposta conciliação que serve mais aos interesses políticos do que à justiça.

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