
Deputado na Mira: Empresário Relata Comissão de 10% para Hugo Motta em Obra Suspeita
Novo depoimento aponta cobrança de propina em emendas parlamentares; decisão judicial cita nome do presidente da Câmara
Uma decisão da Justiça Federal da Paraíba trouxe à tona mais um caso de obra pública sob suspeita, envolvendo emendas parlamentares do atual presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). O documento, assinado em 27 de fevereiro, menciona um depoimento no qual um empresário afirma que Motta teria cobrado uma “comissão” de 10% para liberar recursos de uma emenda destinada ao recapeamento de ruas na cidade de Malta (PB).
O relato, feito pelo empresário José Aloysio Machado da Costa Neto e anexado à sentença, detalha que o então prefeito de Malta, Manoel Benedito de Lucena Filho, conhecido como “Nael”, teria ficado incomodado com a exigência de Motta. “Ele disse que ajudou muito o deputado e ficou chateado de ainda ter que pagar um percentual para receber o dinheiro da emenda”, afirmou o empresário.
O valor em questão seria de aproximadamente R$ 78 mil, correspondente a 10% do total do contrato, que girava em torno de R$ 780 mil. O depoimento foi registrado em 2017 e também fez parte de um acordo de colaboração premiada, embora nunca tenha sido homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Histórico de Investigações
Esta não é a primeira vez que emendas parlamentares ligadas a Hugo Motta aparecem em investigações de corrupção. Em 2015, a Operação Desumanidade apontou desvios na construção de 11 Unidades Básicas de Saúde (UBS), financiadas, em parte, por emendas do deputado. Já em 2024, a Operação Outline investigou irregularidades em uma obra de R$ 5 milhões em Patos (PB), também bancada com recursos indicados por Motta.
Agora, no desdobramento da Operação Desumanidade, a Justiça cita diretamente o nome do deputado na suposta cobrança de propina para viabilizar recursos públicos. Segundo os autos, a construtora envolvida, Sóconstrói, teria servido apenas como fachada para beneficiar terceiros.
O deputado Hugo Motta foi procurado para comentar as acusações, mas não se manifestou. Já os outros citados, incluindo o ex-prefeito de Malta e seu filho, negam qualquer irregularidade e afirmam que o processo licitatório ocorreu de maneira legal.
O caso agora está nas mãos da Justiça e deve aumentar a pressão sobre o presidente da Câmara, especialmente diante do histórico de escândalos envolvendo o uso de emendas parlamentares para fins questionáveis.
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