
Derrite desmente “paz entre facções” e revela avanço do Comando Vermelho em SP
Secretário de Segurança Pública afirma que o Comando Vermelho tentou invadir territórios dominados pelo PCC e nega qualquer trégua entre as facções no estado
São Paulo — O secretário de Segurança Pública do estado, Guilherme Derrite, afirmou nesta quarta-feira (30/4) que não há nenhuma evidência concreta de que existiu uma trégua entre as facções criminosas PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho) em São Paulo. Pelo contrário, segundo ele, há indícios de que o CV tentou se expandir e conquistar pontos de tráfico controlados pelo PCC em várias cidades paulistas.
Durante uma entrevista na sede da Secretaria, Derrite explicou que, embora existam diversos relatórios de inteligência sobre um possível acordo entre as facções, nada comprova que essa trégua tenha de fato ocorrido, ao menos durante sua gestão. “Muito se fala sobre uma ‘irmandade do crime’, há até livros que abordam isso. Mas, aqui em São Paulo, não temos nenhum dado concreto que sustente essa tese”, disse.
Derrite foi direto ao afirmar que criminosos do Rio de Janeiro, ligados ao CV, foram identificados tentando se estabelecer em cidades do interior e do litoral paulista, como parte de uma estratégia para disputar o comando do tráfico de drogas. “Eles estavam buscando criar raízes, montar uma concorrência”, completou.
Apesar de reportagens anteriores apontarem que CV e PCC chegaram a firmar um pacto em fevereiro deste ano — após anos de guerra violenta —, a aliança teria durado pouco. Em comunicados divulgados por ambas as facções, a ruptura foi confirmada. O CV declarou guerra total ao PCC, enquanto o grupo paulista afirmou que o fim do acordo foi decidido de forma “respeitosa”, mas inevitável.
A presença do Comando Vermelho em municípios de São Paulo já vinha sendo observada desde o segundo semestre do ano passado. O próprio governador Tarcísio de Freitas reconheceu essa movimentação durante um evento em dezembro.
Derrite também aproveitou para lembrar que o estado já carrega o estigma de ter sido o berço do PCC, fundado em 1993. “Na época, o poder dessa organização foi subestimado. Deixamos que crescessem e se expandissem para além das fronteiras do estado e até do país. Agora, estamos trabalhando com inteligência e ações rápidas para evitar que o mesmo erro aconteça com outras facções”, concluiu.