
Discord na mira: Boulos pede suspensão do app no Brasil por uso em crimes virtuais
Deputado aciona MPF contra a plataforma, alegando que ela virou refúgio de criminosos; usuários reagem entre apoio e temor de bloqueio
O aplicativo Discord, amplamente utilizado no Brasil para comunicação entre grupos de amigos, comunidades gamers e até equipes de trabalho, pode ser suspenso por tempo indeterminado. O motivo? Segundo o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), a plataforma estaria sendo usada para planejar e executar crimes graves — de discurso de ódio a exploração sexual infantil, passando por ataques violentos, como o que quase ocorreu em um show de Lady Gaga no Rio de Janeiro.
A denúncia foi apresentada por Boulos ao Ministério Público Federal (MPF), que agora analisa se dará ou não prosseguimento ao pedido. Enquanto isso, nas redes sociais do deputado, o tema gerou polêmica: alguns internautas aplaudem a iniciativa, mas outros, especialmente quem usa o Discord de forma profissional ou recreativa, temem ser penalizados por conta do mau uso feito por criminosos.
Em resposta à repercussão, Boulos publicou um esclarecimento reforçando que a intenção não é “banir” o Discord, mas exigir que ele atue dentro da legalidade brasileira. Ele comparou a situação com a rede social X (antigo Twitter), que chegou a ser suspensa temporariamente em 2024 até se adequar às exigências da Justiça.
— Liberdade de expressão não pode servir de escudo para quadrilhas que abusam da vulnerabilidade de crianças e adolescentes — escreveu o deputado, enfatizando que não se trata de censura, mas de responsabilidade.
A representação ao MPF pede, entre outras medidas, que o Discord adote mecanismos eficazes para impedir o uso criminoso da plataforma e tenha um canal de comunicação formal e ativo com autoridades brasileiras. No entanto, a assessoria da empresa afirma que o escritório de advocacia Licks Attorneys já representa legalmente o Discord no país, o que, na visão da empresa, atende às exigências legais.
A denúncia levanta um alerta sobre o uso crescente de plataformas de mensagens como território livre para práticas criminosas. O Telegram, por exemplo, já foi acusado várias vezes de abrigar grupos que produzem deepfakes e compartilham material ilegal, incluindo conteúdos falsificados envolvendo brasileiras.
Enquanto o MPF avalia o caso, paira a dúvida: até onde vai a liberdade digital, e onde começa o dever das plataformas em coibir crimes?