Documento da Latam confirma que Filipe Martins embarcou para Curitiba no fim de 2022

Documento da Latam confirma que Filipe Martins embarcou para Curitiba no fim de 2022

Um documento da Latam, companhia aérea, revelado pela defesa de Filipe Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL), confirma sua viagem para Curitiba (PR) em dezembro de 2022. Esta declaração de embarque contradiz as afirmações da Polícia Federal (PF) ao solicitar a prisão de Martins.

Segundo a PF, Martins teria deixado o Brasil em dezembro de 2022 a bordo do avião presidencial com destino a Orlando (EUA). Também argumentou que o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS) registrou a entrada do ex-assessor no país. Entretanto, a evidência desse registro, atribuída à autoridade norte-americana, nunca foi apresentada pela PF.

Os elementos recolhidos pela Polícia Federal serviram como base para a determinação de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), em ordenar a prisão preventiva de Martins. Ele está sob investigação na operação Tempus Veritatis por suposta participação em uma trama golpista.

O documento da Latam, no entanto, mostra que Filipe Garcia Martins Pereira está nos registros e na lista de passageiros do voo LA3680 com destino a Curitiba. O avião decolou às 16h50min de 31 de dezembro de 2022. O pouso foi às 18h40 do mesmo dia.

Eis a imagem do cartão de embarque da Latam de Filipe Martins:

Acima, comprovante de compra e os detalhes da passagem comprada por Filipe Martins de viagem de Brasília a Curitiba em dezembro de 2022

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Em decisão da 2ª feira (11.mar), Moraes intimou a Latam para que confirmasse se o ex-assessor embarcou no voo para Curitiba. Ele também acionou o Aeroporto Internacional de Brasília para informar se há imagens dos embarques da comitiva presidencial com destino a Orlando.

O pedido do ministro do Supremo foi feito depois que a PGR (Procuradoria Geral da União) emitiu parecer favorável à soltura de Martins, alegando que o quadro sofreu modificação. Segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, a defesa do ex-assessor apresentou provas que comprovam a permanência dele no Brasil, apesar de ter seu nome na lista de passageiros do voo presidencial que decolou com destino aos EUA.

Filipe Martins foi preso em 8 de fevereiro de 2024 basicamente porque a PF argumentou o ex-assessor de Bolsonaro teria tentado fugir do país e não sabia com exatidão seu destino e local de moradia. Alexandre de Moraes concordou e determinou a prisão.

Segundo a Polícia Federal, a ida de Martins com Bolsonaro para os EUA poderia “indicar que o mesmo tenha se evadido do país para se furtar de eventuais responsabilizações penais”. O relatório está na decisão do ministro do STF Alexandre Moraes. Eis o que está no documento, que curiosamente levanta dúvidas sobre a própria afirmação da PF (trechos em bold marcados pelo Poder360):

“O nome de FILIPE MARTINS também consta na lista de passageiros que viajaram a bordo do avião presidencial no dia 30.12.2022 rumo a Orlando/EUA. Entretanto, não se verificou registros de saída do ex-assessor no controle migratório, o que pode indicar que o mesmo tenha se evadido do país para se furtar de eventuais responsabilizações penais. Considerando que a localização do investigado é neste momento incerta, faz-se necessária a decretação da prisão cautelar como forma de garantir a aplicação da lei penal e evitar que o investigado deliberadamente atue para destruir elementos probatórios capazes de esclarecer as circunstâncias dos fatos investigados”.

De onde a Polícia Federal obteve a informação de que Filipe Martins teria deixado o Brasil em 30 de dezembro de 2022? Essa informação foi retirada de uma nota publicada pelo portal Metrópoles em 4 de outubro de 2023, que é de propriedade do ex-senador por Brasília, Luiz Estevão. Até agora, essa informação não foi conclusivamente verificada, mas a prisão foi solicitada mesmo assim.

Quanto à “localização incerta do investigado”, a PF ignorou fotos do ex-assessor de Bolsonaro publicadas em um perfil aberto na internet. Além disso, quando Martins foi preso, a PF sabia onde encontrá-lo para efetuar a detenção: no apartamento da namorada em Ponta Grossa (PR), a 117 km de Curitiba. Portanto, seu paradeiro era conhecido. Ele está atualmente no Complexo Médico Penal de Pinhais (PR), o mesmo utilizado pelos presos da operação Lava Jato.

Durante algumas semanas, a PF afirmou que Martins havia ido para os EUA. Para sustentar essa afirmação, apresentaram dados retirados de um site do Departamento de Segurança Interna dos EUA que indicava a entrada de Martins no país em 30 de dezembro de 2022 por Orlando. No entanto, o próprio site ressalta que esses dados “não podem ser utilizados para fins legais”.

PGR QUIS LIBERAR

Em 1º de março de 2024, a Procuradoria Geral da República se pronunciou a favor da libertação de Martins. Embora tenha reconhecido que o pedido de prisão estava fundamentado o suficiente, alegou que a documentação apresentada evidencia sua permanência no Brasil e a ausência de um plano de fuga.

Leia abaixo o que diz a PGR (o parecer está em sigilo):

  • o pedido de prisão estava “suficientemente” fundamentado;
  • no entanto, houve uma modificação no “quadro fático” porque a defesa “apresentou documentação que comprova sua permanência no território nacional” desde 30 de dezembro de 2022;
  • não havia “sinais de preparação de fuga” por parte de Martins;
  • a “pretensão de relaxamento da custódia parece reunir suficientes razões práticas e jurídicas”;
  • sugere proibir Martins de deixar o país e reter seu passaporte.

As informações são do Poder 360

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