
Dólar Chega a R$ 6,22 no Primeiro Dia de Gabriel Galípolo à Frente do Banco Central
Mercado reage com desconfiança, e desafios econômicos se acumulam para o novo presidente da instituição
Nesta quinta-feira (2), o economista Gabriel Galípolo iniciou oficialmente seu mandato como presidente do Banco Central, enfrentando desconfiança do mercado financeiro. Já no primeiro dia útil de 2025, o dólar apresentou forte volatilidade, atingindo R$ 6,22 durante o pregão, antes de encerrar o dia em R$ 6,16.
A disparada do dólar reflete a apreensão dos investidores quanto à independência de Galípolo diante de pressões políticas, especialmente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que defende cortes na taxa básica de juros. A desconfiança também está ligada à percepção de risco fiscal do país, agravada pelas recentes propostas de corte de gastos aprovadas pelo Congresso.
Analistas destacam que Galípolo terá de demonstrar sua capacidade técnica para garantir a estabilidade monetária, controlar a inflação e conter a desvalorização cambial. “O novo presidente do BC precisa convencer o mercado de que atuará de forma independente, sem ceder a influências externas, para recuperar a confiança perdida nos últimos anos”, afirmou Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria.
Mesmo com intervenções no câmbio realizadas no final de 2024, a moeda americana acumulou alta de 27% frente ao real no último ano, evidenciando a fragilidade da economia brasileira. O déficit fiscal e as perspectivas de inflação acima da meta colocam Galípolo em uma posição delicada, exigindo decisões firmes e impopulares para reverter o cenário.
As próximas reuniões do Copom, agendadas para 28 e 29 de janeiro, devem trazer novas diretrizes para a taxa Selic, atualmente em 12,25%, com expectativa de aumento. Enquanto isso, a pressão por parte do governo e do Partido dos Trabalhadores para reduzir os juros deve continuar, dificultando ainda mais o trabalho do novo presidente do Banco Central.