
Dólar despenca quase 3% e fecha a R$ 5,75 após Trump recuar sobre tarifas
Mercado reage positivamente à suspensão temporária de tarifas sobre importações de automóveis do México e Canadá
O dólar teve uma forte queda nesta quarta-feira (5), recuando 2,71% e encerrando o dia cotado a R$ 5,755. Esse foi o maior tombo percentual da moeda americana em um único dia desde outubro de 2022. O movimento foi impulsionado pelo anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que suspenderia, por um mês, as tarifas sobre a importação de automóveis do México e do Canadá. A notícia foi bem recebida pelo mercado, provocando a desvalorização do dólar não só em relação ao real, mas também frente a outras moedas globais.
A moeda norte-americana registrou perdas contra 28 das 31 principais divisas do mundo. No final da tarde, o índice DXY, que mede a força do dólar frente a uma cesta de moedas internacionais, caiu 1,34%. Já o Ibovespa, principal índice da B3, reagiu positivamente e fechou em alta de 0,20%, alcançando 123.047 pontos.
Medida de Trump melhora o humor do mercado
A reviravolta no posicionamento do presidente americano pegou os investidores de surpresa. Na terça-feira (4), Trump havia confirmado a imposição de tarifas de 25% sobre produtos importados de países vizinhos e ainda assinou uma ordem executiva dobrando as taxas sobre produtos chineses para 20%.
Contudo, nesta quarta-feira, a Casa Branca anunciou que as tarifas sobre veículos vindos do Canadá e do México seriam suspensas por um mês. “Após conversas com as três grandes montadoras, decidimos conceder uma isenção temporária para qualquer automóvel que venha pelo USMCA”, declarou Trump por meio de sua porta-voz Karoline Leavitt. As fabricantes mencionadas incluem Stellantis, Ford e General Motors.
Para Nicolas Gomes, especialista em câmbio da Manchester Investimentos, essa decisão foi “a cereja do bolo” para a queda expressiva do dólar. “O mercado já estava pressionado pelas incertezas sobre as tarifas, e essa flexibilização gerou um alívio imediato nos investidores”, explica.
Trump e as idas e vindas na política comercial
Essa não é a primeira vez que Trump recua ou concede exceções em sua política tarifária. No início de fevereiro, ele também havia adiado por um mês a aplicação de tarifas contra México e Canadá. Para analistas, a postura do republicano indica que ele usa a guerra comercial como uma estratégia de negociação.
“Cada vez mais, os investidores percebem que as tarifas são utilizadas como instrumento de barganha. Isso gera volatilidade, mas também abre oportunidades no mercado”, afirma Gomes.
Reflexos no mercado financeiro
A alta do Ibovespa ocorreu em um dia de liquidez reduzida, devido ao feriado prolongado de Carnaval. Ainda assim, o índice foi beneficiado pelo bom desempenho de ações de setores ligados ao comércio exterior, que reagiram positivamente à decisão de Trump. Analistas seguem atentos aos próximos passos da política econômica americana, que deve continuar impactando o câmbio e os investimentos no Brasil ao longo do ano.