Doria, o ‘arrependido’, pede desculpas a Lula: busca apoio ou aliados para negócios?

Em carta de reconciliação ao presidente, ex-governador admite erros e tenta reatar laços, enquanto expande rede de negócios; Lula responde com cautela e ironia

João Doria, ex-governador de São Paulo, decidiu que é hora de “pedir desculpas” a ninguém menos que o presidente Lula. Em uma carta entregue pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, Doria admitiu ter cometido “exageros e equívocos” no passado e, em um tom arrependido, teria escrito que “queria ter a chance de dizer que errei”. No entanto, a intenção parece longe de ser apenas uma reconciliação.

Segundo fontes próximas, o movimento do empresário tem um alvo claro: fortalecer uma rede de apoio para o Lide, grupo empresarial que Doria preside e que conecta a elite empresarial ao poder político. Deixando a política de lado, ele foca em expandir o negócio para novos mercados, mas reconhece que sua trajetória de rivalidade com o PT e críticas a Lula – inclusive, com piadas sobre a prisão do presidente no passado – deixaram marcas difíceis de apagar em Brasília. A postura de Lula ao ler a carta foi direta: “Perdoar, tudo bem; amizade, aí já é outro nível”, teria dito o presidente.

Desde que foi forçado pelo PSDB a abandonar a corrida presidencial em 2022, Doria tem buscado, com ar de quem nunca guardou rancor, uma “alma leve”. Reconciliações com antigos aliados, como Alckmin, e tentativas de retomar relações com figuras políticas mostram um Doria tentando renascer no ambiente de negócios, mas, para muitos, a tentativa soa como mais uma jogada calculada.

O curioso é que, ao mesmo tempo em que prega um discurso de paz, o empresário aumenta o número de eventos e o alcance do Lide – agora em 20 países. O que Doria chama de “alma tranquila” e “zero ódio” parece ser, aos olhos de muitos, uma ambição adaptada ao novo cenário, onde o perdão é a ponte para novos negócios.

Fonte e Creditos: Revista Oeste