“É grave que a candidata não possa ter sido registrada”, diz Lula sobre eleição na Venezuela
Emmanuel Macron, presidente da França, concordou com a fala sobre Corina Yoris e disse que eleição no país sul-americano não pode ser considerada democrática
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta quinta-feira (28), que é grave a candidata Corina Yoris do bloco opositor majoritário, Plataforma Unitária, não tenha conseguido se inscrever para a eleição na Venezuela.
A fala aconteceu durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto ao lado do presidente da França, Emmanuel Macron.
“Agora é grave que a candidata não possa ter sido registrada. Não foi proibida pela Justiça, me parece que ela se dirigiu até o lugar e tentou o computador do local e não conseguiu entrar”, afirmou Lula.
“Então, foi uma coisa que causou prejuízo a uma candidata, que por coincidência leva o mesmo nome da candidata que tinha sido proibida de ser candidata”, prosseguiu.
Na última terça-feira (26), o governo brasileiro manifestou que “acompanha com expectativa e preocupação” o desenrolar do processo eleitoral” venezuelano.
Yoris havia sido indicada como representante de María Corina Machado, que foi impedida de ocupar cargos públicos por 15 anos.
Macron concordou com a fala de Lula e disse que a maneira como o rito eleitoral está acontecendo no país não pode ser considerada democrática.
“Condenamos firmemente por terem tirado uma candidata muito boa desse processo e espero que seja possível ter um novo marco nos próximos dias e semanas. Não nos desesperemos, mas a situação é grave e piorou com a última decisão. Nós temos uma visão comum perfeita”, expressou o chefe de Estado francês.
Entenda o caso
Na última segunda-feira (25), Corina Yoris denunciou que não estava conseguindo se inscrever para o pleito pelos partidos da Plataforma Unitária. O prazo terminava na meia-noite daquele dia.
“Fizemos todas as tentativas para introduzir os dados dos partidos Mesa da Unidade Democrática e Um Novo Tempo e o sistema está completamente fechado para entrar digitalmente”, disse Yoris sobre a tentativa de se candidatar para o pleito pelas siglas do bloco opositor Plataforma Unitária.
Segundo Yoris, o problema não é somente com seu nome, mas com os “partidos que não têm acesso”. “Esgotamos todos os meios ao nosso alcance para resolver isso”, disse, complementando: “Qualquer cidadão que tente se candidatar porque o acesso está impedido para os partidos.”
Ela ainda disse que sua equipe tentou ir pessoalmente ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para entregar uma carta solicitando uma prorrogação do prazo de inscrição de candidaturas, já que os partidos não conseguiram se inscrever.
“Nem fisicamente pudemos fazer isso porque os acessos ao CNE estão ocupados militarmente e não conseguimos chegar”, contou.
O bloqueio, em sua versão, acontece sem que ela tenha qualquer impedimento para concorrer, ao contrário de Machado, que foi proibida, por sentença do Tribunal Superior de Justiça, de ocupar cargos públicos pelos próximos 15 anos.
“Quero enfatizar que meus direitos políticos estão incólumes, não tenho mancha nenhuma, não posso ser inabilitada sob nenhum aspecto”, explicou.