
Eduardo Paes Chama Juiz de “Delinquente”, Mas Esquece Amizade com Cabral, Condenado
Prefeito ataca Marcelo Bretas enquanto carrega no histórico laços com a corrupção de Sérgio Cabral
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), gerou polêmica nas redes sociais ao chamar o juiz afastado Marcelo Bretas de “delinquente”. A troca de farpas rapidamente ganhou proporções maiores quando o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) entrou na discussão, defendendo Bretas e acusando Paes de proximidade com “delinquentes de verdade”. O que parece ter escapado ao prefeito é que suas palavras soam vazias, considerando sua longa amizade com Sérgio Cabral, ex-governador do Rio e condenado a 425 anos de prisão.

Paes ataca Bretas, mas ignora seu próprio telhado de vidro
A controvérsia começou quando Bretas, afastado de suas funções pelo CNJ por suspeitas de irregularidades, publicou no X (antigo Twitter) uma reflexão jurídica. Em resposta, Paes disparou: “Delinquente sendo delinquente”. O comentário provocou Moro, que rebateu: “Delinquentes eram os seus amigos que ele prendeu”.
Bretas também devolveu a ofensa e chamou Eduardo Paes de “palhaço” em comentário: “Eu conheço o seu passado, e ele não é nada engraçado. Sua hora vai chegar!”
Na publicação no X, Bretas indicou um conjunto de artigos do Código Penal, sugerindo que não existe punição para crimes quando o autor desiste de cometê-los, em referência ao indiciamento de 37 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por tentativa de golpe no País após as eleições de 2022. Paes comentou: “Delinquente sendo delinquente”.
Curiosamente, enquanto condena Bretas, Paes nunca demonstrou a mesma veemência ao falar do amigo Cabral, figura central em um dos maiores escândalos de corrupção do país.
Debate vira palco de hipocrisia e indignação seletiva
Paes não deixou barato e devolveu a provocação atacando Bretas e Moro, acusando ambos de terem destruído a luta contra a corrupção por ambições políticas. Mas, ao mirar os dois, Paes parece ignorar o fato de que Bretas foi o juiz responsável por permitir investigações contra ele mesmo. Em vez de reconhecer os erros que mancham sua própria trajetória, o prefeito prefere perpetuar uma narrativa de perseguição.
O episódio expõe a hipocrisia que permeia o debate político e judicial no Brasil. Eduardo Paes, que deveria representar uma postura ética e transparente, escolhe atacar a credibilidade de Bretas, enquanto mantém silêncio conveniente sobre seu vínculo com Cabral, protagonista de um esquema que saqueou o Rio de Janeiro.
A indignação seletiva de Paes apenas reforça a desilusão popular com líderes que pregam moralidade enquanto carregam um histórico comprometedor. Afinal, quem realmente tem autoridade para falar em “delinquência” quando as próprias mãos estão sujas?