
Em lágrimas, Bolsonaro pede anistia e critica Moraes ao deixar hospital
Em sua primeira fala pública após 22 dias internado, ex-presidente condena penas aos presos do 8 de Janeiro e se diz injustiçado por não ter acesso total ao inquérito
Após 22 dias internado no Hospital DF Star, em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou a unidade neste domingo (4) emocionado. Aos prantos, abraçou uma apoiadora identificada como “Irmã Ilda” e aproveitou o momento para criticar o Supremo Tribunal Federal e pedir anistia aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro.
“É de cortar o coração ver pessoas inocentes pegando até 17 anos de cadeia”, disse Bolsonaro, destacando o caso de Débora Rodrigues, mãe de duas crianças. “A Polícia Federal vai deixar dois filhos chorando para levá-la a cumprir o resto da pena?”, questionou.
Bolsonaro ainda comparou o caso de Débora com o asilo concedido pelo governo brasileiro à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, condenada por corrupção. “Se isso é considerado humanitário, por que não olhar com humanidade para uma mãe com filhos pequenos presa aqui dentro do país?”, desabafou.
Ao comentar o processo que o tornou réu no STF, o ex-presidente disse ter tido acesso completo aos autos apenas recentemente. “O senhor Alexandre de Moraes disse que entregou tudo agora. Mas como fizemos a defesa se antes não tínhamos acesso total? E por que ele me liga ao 8 de Janeiro, se eu estava fora do país, nos Estados Unidos?”, questionou.
Bolsonaro também criticou a recusa da esquerda em apoiar a anistia. “Justo eles, que foram anistiados tantas vezes, agora dizem que o que aconteceu é imperdoável. Não teve sangue, não teve arma, não teve violência armada”, declarou.
Apesar da recomendação médica para evitar eventos públicos e multidões, Bolsonaro anunciou que pretende acompanhar, ao menos simbolicamente, a “Marcha Pacífica da Anistia Humanitária” marcada para esta quarta-feira (7), às 16h, na Torre de TV em Brasília.
O ex-presidente ainda seguirá em recuperação domiciliar por cerca de um mês, com dieta leve e sessões de fisioterapia. A cirurgia realizada no dia 13 de abril foi para tratar uma obstrução intestinal e reconstruir a parede abdominal – problemas que ele vem enfrentando desde a facada que sofreu em 2018.