Enquanto oposição clama por liberdade, Maduro celebra Natal com ironias e negacionismo

Enquanto oposição clama por liberdade, Maduro celebra Natal com ironias e negacionismo

Protestos na Venezuela pedem libertação de mais de 1.900 presos políticos, enquanto presidente minimiza crise com comemorações natalinas antecipadas

Clamor por justiça e liberdade: oposição venezuelana desafia repressão

Neste domingo (1º), manifestantes opositores ao regime de Nicolás Maduro tomaram as ruas de Caracas para exigir a libertação de presos políticos, muitos deles detidos após os protestos que eclodiram com a controversa reeleição do presidente. Liderada pela opositora María Corina Machado, que atualmente está na clandestinidade, a mobilização ganhou repercussão internacional.

A ONG Foro Penal contabiliza mais de 1.900 detidos por motivações políticas no país, incluindo 42 menores de idade. Uma manifestante, que preferiu manter sua identidade em sigilo por medo de represálias, desabafou: “Estou cansada de viver sob ditadura, quero liberdade.” A mulher reside no bairro 23 de Enero, um reduto chavista fortemente controlado por aliados do governo.

Maduro ironiza oposição e promove “Natal de paz” em meio à crise

Enquanto a oposição denuncia violações de direitos humanos e pede intervenção do Tribunal Penal Internacional (TPI), Nicolás Maduro optou por organizar um evento em celebração ao Natal. O presidente, que antecipou as festividades para 1º de outubro em uma tentativa de desviar o foco da crise, ridicularizou os manifestantes que utilizavam batom vermelho como símbolo de protesto.

“O único vermelho bem pintado que temos é o do nosso coração bolivariano e chavista”, ironizou Maduro, que também alfinetou María Corina Machado, chamando-a de “senhora tóxica”. Em um discurso carregado de sarcasmo, ele afirmou que a Venezuela vive “em paz” e descreveu o país como “a terra da alegria”.

Protestos e repressão: um ciclo de violência e sofrimento

A eleição de 28 de julho, marcada por acusações de fraude, gerou uma onda de indignação popular. Enquanto Maduro foi declarado vencedor para um terceiro mandato, opositores afirmam que Edmundo González Urrutia foi o verdadeiro eleito. A repressão aos protestos deixou um saldo trágico: 28 mortos e quase 200 feridos.

Manifestantes usaram máscaras com marcas de batom vermelho, representando o sangue das vítimas. Protestos solidários também ocorreram em cidades como Bogotá, Buenos Aires e Washington, mostrando que a luta por justiça ultrapassou fronteiras.

Natal antecipado em meio à crise humanitária

Apesar do cenário caótico, Maduro insiste em promover uma imagem de normalidade. Em meio a gorros de Papai Noel e suéteres natalinos, a primeira-dama, Cilia Flores, participou das festividades como se o país não enfrentasse uma das piores crises econômicas e sociais de sua história.

Para a oposição, no entanto, o otimismo do regime é uma afronta às famílias que perderam entes queridos ou têm parentes presos injustamente. O contraste entre celebrações e repressão ecoa como mais um capítulo de um regime que insiste em negar a realidade e se perpetuar no poder.

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