Entre a UTI e a esperança: Bolsonaro enfrenta recuperação delicada após nova cirurgia abdominal

Entre a UTI e a esperança: Bolsonaro enfrenta recuperação delicada após nova cirurgia abdominal

Mesmo com o otimismo de Michelle nas redes sociais, equipe médica alerta que ex-presidente segue em estado delicado e sem previsão de alta, após enfrentar seu quadro mais grave desde o atentado de 2018

Apesar das palavras animadoras de Michelle Bolsonaro nas redes sociais, a realidade no hospital é bem diferente. Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, continua internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) após uma longa e delicada cirurgia abdominal. Segundo os médicos que o acompanham, ainda não há previsão de alta, e o caminho da recuperação será lento e repleto de cuidados.

“Ele está na UTI, estável, mas o pós-operatório será complicado e prolongado”, afirmou o médico Leandro Echenique, em entrevista coletiva nesta segunda-feira (14). A cirurgia, que durou cerca de 11 horas, foi realizada no hospital DF Star, em Brasília, para tratar uma obstrução intestinal causada por uma dobra no intestino delgado — algo que impedia a passagem adequada dos alimentos.

O médico Cláudio Birolini, que liderou o procedimento, explicou que o abdômen de Bolsonaro é considerado “hostil”, por conta das múltiplas cirurgias já realizadas anteriormente. “Foi um procedimento complexo. O intestino já estava muito comprometido, e não se deve esperar uma recuperação rápida”, afirmou.

Antes do procedimento, Bolsonaro foi internado às pressas após passar mal durante um evento em Santa Cruz (RN). Ele foi levado a um hospital local e, em seguida, transferido para Natal e posteriormente para Brasília, onde a equipe médica optou por uma nova cirurgia.

Nas redes sociais, Bolsonaro compartilhou reflexões pessoais. Disse que, embora esteja acostumado a batalhas políticas e judiciais, desta vez foi o próprio corpo que o levou à lona. “Ouvi do Dr. Birolini que este foi o quadro mais grave desde o atentado que quase me tirou a vida em 2018”, escreveu.

Desde a facada que sofreu durante a campanha presidencial daquele ano, Bolsonaro já passou por cinco cirurgias abdominais — três delas consideradas de alta complexidade. Os médicos explicam que esse histórico contribuiu para o surgimento de aderências e cicatrizes internas, que aumentam o risco de novas obstruções intestinais.

O que é a obstrução intestinal?

Trata-se de um bloqueio que impede a passagem dos alimentos pelo intestino, comparável a uma mangueira dobrada ou entupida. Esse tipo de obstrução pode causar dor intensa, inchaço abdominal e até dificuldade para se alimentar.

As causas são diversas: doenças inflamatórias, tumores ou até sementes duras. No caso de Bolsonaro, tudo indica que o problema foi consequência direta das cirurgias anteriores, que comprometeram a mobilidade do intestino e facilitaram o surgimento de aderências.

Embora o procedimento em si não seja dos mais arriscados, o histórico do paciente e o nível de comprometimento do abdômen tornam a recuperação mais delicada. “Se a intervenção for feita tarde, há risco até de necrose intestinal, o que exigiria remover parte do órgão”, explicou o cirurgião Flávio Quilici.

Recuperação sem pressa e com vigilância

Enquanto Michelle Bolsonaro agradecia nas redes pelo “sucesso da cirurgia” e comemorava dizendo que o marido já estava no quarto, os médicos preferiram manter um tom cauteloso. “Ele ainda está na UTI, e o pós-operatório será lento”, reiteraram.

Apesar do quadro clínico, Bolsonaro promete retornar em breve às suas atividades políticas. Ele afirmou que continuará lutando pela anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro e por “um país mais livre e próspero”.

No entanto, seu próprio corpo parece estar pedindo um tempo — e dessa vez, nem a força da narrativa política pode acelerar a recuperação.

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