Equipe econômica detalha medidas para cortar R$ 26 bi em gastos

Equipe econômica detalha medidas para cortar R$ 26 bi em gastos

Revisão de despesas obrigatórias havia sido anunciada em julho

Dois meses após a promessa de Fernando Haddad de cortar R$ 26 bilhões do Orçamento de 2025, o governo finalmente detalhou suas estratégias, revelando um plano que soa como uma tentativa desesperada de economizar em cima dos mais vulneráveis. Nesta quarta-feira (28), em Brasília, a equipe econômica anunciou como pretende realizar esse milagre de cortes, com a maior parte das “economias” saindo da revisão de cadastros e da caça implacável a possíveis fraudes em benefícios sociais.

Desses R$ 26 bilhões alardeados, nada menos que R$ 19,9 bilhões virão da revisão de cadastros, o que significa que o governo pretende economizar peneirando benefícios, como se encontrar fraudes fosse a solução mágica para todos os problemas fiscais do país. Outros R$ 6,1 bilhões serão obtidos através do que chamam de “realocações” internas nos ministérios, basicamente jogando verbas de um lado para outro, como quem tenta cobrir um buraco maior com um cobertor curto.

No epicentro desse plano, R$ 7,3 bilhões serão arrancados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), sendo R$ 6,2 bilhões desse valor retirados de um pente-fino no Atestmed, o sistema que concede auxílio-doença com base em atestados médicos digitais, sem perícia. É como se o governo estivesse dizendo que todos aqueles que buscam auxílio por incapacidade precisam provar, mais uma vez, que não são “fraudadores”.

Em uma segunda frente, o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que atende pessoas idosas e com deficiência em situação de vulnerabilidade, também não escapou da tesoura afiada do governo. A intenção é cortar R$ 6,4 bilhões em 2025, uma medida que parece mais uma punhalada nas costas daqueles que mais precisam.

E como se não bastasse, mais R$ 3,2 bilhões serão “economizados” revisando concessões de auxílios por incapacidade do INSS, incluindo tanto o auxílio-doença quanto a aposentadoria por invalidez. Isso significa que quem já está vivendo na corda bamba terá que passar por mais um ciclo de incertezas para manter seu benefício. E para completar a lista de “economias”, o Proagro e o seguro-defeso também serão alvo, com cortes de R$ 1,9 bilhão e R$ 1,1 bilhão, respectivamente.

Durante o anúncio, Sergio Firpo, do Ministério do Planejamento, admitiu que os números apresentados são, no mínimo, incertos. Ele até se apressou em dizer que as projeções são conservadoras, mas a mensagem foi clara: mais cortes poderão vir se esses números não forem suficientes.

Já Dario Durigan, do Ministério da Fazenda, tentou minimizar a gravidade da situação ao dizer que o governo ainda pode tomar medidas adicionais, como se essa primeira leva de cortes não fosse devastadora o suficiente.

Enquanto isso, no meio dessa tempestade de cortes e revisões, o governo ainda se orgulha de ter economizado R$ 2 bilhões até junho com a revisão do Atestmed e cancelado 133 mil benefícios por incapacidade. Números que, para muitos, significam vidas em ainda mais dificuldades.

Em suma, o plano apresentado soa como um esforço frio e calculado para economizar às custas daqueles que já sofrem com as falhas de um sistema que deveria protegê-los. Cortar gastos nunca foi tão fácil quando a conta é paga pelos mais frágeis.

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