
Escândalo em São Paulo: Policiais civis são presos por extorquir funkeiros com ameaças de investigação
Operação Latus Actio desmonta esquema de propinas envolvendo influenciadores e rifas ilegais nas redes sociais
A manhã desta sexta-feira (25) foi movimentada na Grande São Paulo. A Polícia Federal prendeu quatro policiais civis de Santo André, acusados de cobrar propina de funkeiros para “aliviar” investigações sobre rifas ilegais promovidas nas redes sociais.
Essa ação faz parte da terceira fase da Operação Latus Actio, que vem desvendando uma organização criminosa dentro da própria Polícia Civil de São Paulo. A operação tem apoio do Ministério Público estadual e da Corregedoria da Polícia Civil.
Os presos atuavam no 6° Distrito Policial de Santo André, no ABC Paulista. Além das prisões, os agentes também cumpriram cinco mandados de busca e apreensão em endereços de Santo André, Mauá e São Paulo.
Segundo as investigações, os policiais abriram processos internos — chamados de Verificação de Procedência de Informações (VPI) — para investigar funkeiros e influenciadores, alegando que eles estariam promovendo jogos de azar e lavagem de dinheiro. No entanto, o que parecia ser um trabalho legal escondia uma prática criminosa: os próprios agentes exigiam propina das celebridades para arquivar os casos e evitar bloqueios de contas nas redes sociais, especialmente no Instagram.
Entre os alvos das investigações estão nomes conhecidos do mundo do funk, como MC Brisola (Silas Rodrigues Santos) e MC Paiva (Davi José Xavier Paiva).
De acordo com a PF, a realização de rifas e sorteios online sem autorização do Ministério da Fazenda é considerada ilegal no Brasil. E foi essa irregularidade que os policiais usaram como pretexto para pressionar os influenciadores.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou, em nota, que a Corregedoria da Polícia Civil está colaborando com a operação para o cumprimento dos mandados.
O histórico da Operação Latus Actio
A primeira fase da Latus Actio foi deflagrada em março de 2024, com buscas no Guarujá, Itu, Indaiatuba e na capital. Nessa etapa, mais de R$ 60 milhões em imóveis e veículos de luxo foram apreendidos, focando em crimes como lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.
Já a segunda fase, realizada em dezembro do mesmo ano, prendeu um policial civil e teve como alvo novamente o funkeiro MC Paiva, além de outras ações de busca e apreensão.
O medo dos artistas era claro: eles temiam que as investigações levassem ao bloqueio de suas contas e perda de contratos, o que os levou a aceitar pagar propinas para proteger seus negócios e suas imagens públicas.
A investigação é conduzida em conjunto pela Força-Tarefa de Combate ao Crime Organizado (Ficco-SP) e o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo.