Escândalo no INSS: Lula e Ministros Debatem Comissão para Investigar Fraudes

Escândalo no INSS: Lula e Ministros Debatem Comissão para Investigar Fraudes

No meio da crise, governo enfrenta dilema sobre a criação da CPMI que pode expor irregularidades e atingir popularidade

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se com ministros no Palácio da Alvorada nesta sexta-feira para tratar da instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Senado. O objetivo? Apurar o grave esquema de fraudes nos benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Apesar da pressão crescente para abrir a investigação — inclusive dentro da própria base aliada de Lula, que busca controlar o rumo das apurações antes da oposição —, o governo demonstra resistência, temendo que a CPMI provoque um desgaste político ainda maior em um momento delicado.

No encontro, participaram ministros como Gleisi Hoffmann, que alertou para o risco da comissão atrapalhar as investigações policiais e atrasar a devolução dos valores descontados indevidamente dos aposentados. “Uma CPMI, no clima político em que está sendo proposta, pode atrapalhar o andamento da investigação e prejudicar as vítimas”, disse Gleisi nas redes sociais. Ela destacou que, embora as CPIs sejam prerrogativa do Congresso, elas se mostram necessárias principalmente em governos que não investigam os próprios desvios — uma indireta clara à gestão Bolsonaro, lembrando a CPI da Covid, que revelou graves falhas e negligências.

A criação da CPMI depende do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que deve ler o pedido na próxima sessão conjunta do Congresso, agendada para 27 de maio. A oposição já garantiu 260 assinaturas, o suficiente para que a comissão saia do papel, mesmo com a resistência do Planalto, que teme uma exposição negativa justamente quando luta para mostrar respostas efetivas aos prejudicados.

Internamente, a estratégia do governo é tentar controlar as principais posições dentro da CPMI para minimizar danos e evitar que figuras oposicionistas mais radicais dominem a narrativa. O senador Jaques Wagner, líder do governo no Senado, acredita que, apesar da pressão, a comissão pode ser uma chance de expor que o esquema começou no governo Bolsonaro e que a atual gestão foi a que realmente acionou a polícia para investigar.

No PT, a posição é clara: vão assinar o pedido, desde que a investigação não se limite apenas ao governo Lula, mas percorra toda a linha do tempo dos fatos. O senador Fabiano Contarato, o primeiro do partido a assinar o requerimento, afirmou que a luta é para garantir uma apuração rigorosa, “doa a quem doer”, contra um crime cruel que afetou milhares de aposentados.

Enquanto o governo pondera os riscos políticos, a população acompanha atentamente, com pesquisas indicando apoio à investigação e à punição dos responsáveis. O Planalto, por sua vez, não pode se dar ao luxo de parecer contra as investigações, sob o risco de abrir espaço para críticas ainda mais fortes.

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