Estudantes contra escolas cívico-militares protestam na Alesp e têm confronto com a PM

Estudantes contra escolas cívico-militares protestam na Alesp e têm confronto com a PM

Durante a votação do projeto de lei que estabelece escolas cívico-militares em São Paulo, estudantes protestaram na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) nesta terça-feira, 21 de maio. Vídeos registraram confrontos entre estudantes e policiais nos corredores do Legislativo. Em meio ao tumulto, alguns estudantes conseguiram invadir o plenário, onde três manifestantes foram contidos pela Polícia Militar usando cassetetes.

Segundo a bancada da federação PT-PV-PCdoB, sete estudantes foram detidos. A Alesp não confirmou o número exato, mas informou que os manifestantes que invadiram o plenário foram levados pela Polícia Militar à Polícia Civil. O Estadão apurou que muitos dos manifestantes detidos estão no Ensino Médio.

Vídeos mostram estudantes enfrentando uma linha de bloqueio do Batalhão de Ações Especiais da Polícia (Baep). Um dos policiais usou gás de pimenta, atingindo o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT), que estava no local. A deputada Mônica Seixas (PSOL) também tentou intervir e relatou ter sido agredida.

A bancada PT-PCdoB-PV criticou a ação policial, afirmando que o direito dos movimentos estudantis de acompanhar e se posicionar sobre os debates foi violado. “Em vez de debate, o que predominou foi a força dos cassetetes”, declarou a bancada em nota.

A deputada Márcia Lia (PT) atribuiu à Mesa Diretora da Alesp a responsabilidade por possíveis novos confrontos e feridos, uma vez que a reunião continuou após os incidentes. O presidente da Alesp, André do Prado (PL), respondeu que a responsabilidade era dele, justificando que a invasão do plenário foi uma tentativa de tomar o local, algo que ele não permitiria.

“Com forte presença policial, está em votação o projeto das escolas cívico-militares. Estudantes contrários buscam diálogo e enfrentam a truculência da PM. Fui surpreendido com spray de pimenta e a Tropa de Choque da PM”, escreveu Suplicy nas redes sociais. Mônica Seixas afirmou que os estudantes estavam protestando pacificamente e que foi agredida ao tentar defendê-los. “É inaceitável que estudantes sejam tratados assim. Se fazem isso na casa do povo, imagina nas escolas”, disse a deputada.

O deputado Lucas Bove (PL) elogiou a ação policial, dizendo que “os policiais fizeram um excelente trabalho ao conter os arruaceiros” e destacou a necessidade de escolas cívico-militares para ensinar disciplina e respeito ao patrimônio público.

Um incidente semelhante ocorreu em dezembro do ano passado, durante a votação da privatização da Sabesp, quando manifestantes forçaram a entrada no plenário e a polícia usou gás de pimenta para contê-los.

O projeto de lei sobre as escolas cívico-militares estava na pauta desta terça-feira. Este programa foi iniciado no governo Jair Bolsonaro (PL) e cancelado no governo Lula (PT), mas o governador Tarcísio de Freitas prometeu manter a iniciativa em São Paulo. O projeto prevê que policiais militares da reserva recebam um adicional para atuar como monitores nas escolas. A oposição critica o projeto, argumentando que ele foca na segurança em detrimento da qualidade da educação, apontando que os policiais podem ganhar até R$ 6.034 por 40 horas semanais, enquanto o piso salarial dos professores é de R$ 5.300.

O governo estadual afirma que o projeto será implementado em escolas com baixos índices de rendimento e alta vulnerabilidade social, com a consulta e consentimento das comunidades escolares.

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