
EUA Ignoram Brasil em Diplomacia: Tensão Cresce Entre os Países
Governo Trump mantém contato com 58 países, mas exclui o Brasil da lista
Nos primeiros 45 dias do governo de Donald Trump, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, realizou conversas diplomáticas com representantes de 58 países ao redor do mundo. No entanto, o Brasil ficou de fora dessa rodada de contatos, um fato que aumentou as tensões entre as duas nações. O período foi marcado por críticas do Departamento de Estado americano ao Brasil e por atritos envolvendo temas políticos e comerciais.
Críticas à política brasileira e resposta do Itamaraty
Uma das principais fontes de conflito foi uma publicação do Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental, vinculado ao Departamento de Estado dos EUA. A mensagem criticava duramente a aplicação de multas a empresas americanas que se recusavam a moderar conteúdos de usuários no Brasil. Segundo os americanos, tais medidas feriam os valores democráticos, especialmente a liberdade de expressão.
O governo brasileiro reagiu de imediato. O Itamaraty classificou a posição dos EUA como uma tentativa de distorcer decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e de politizar assuntos jurídicos internos. Além disso, enfatizou a independência dos poderes no Brasil, reforçando que o país não aceita interferências externas em sua legislação e governança.
Brasil fica fora da lista de contatos de Marco Rubio
Enquanto mantinha diálogos diplomáticos com líderes de países como Reino Unido, França, Rússia, Alemanha, China, Japão, México e Argentina, Rubio não estabeleceu nenhum contato oficial com o governo brasileiro. A ausência do Brasil na agenda gerou especulações sobre um possível esfriamento das relações entre os dois países, especialmente diante da postura crítica do governo Trump em relação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Apesar disso, a diplomacia brasileira busca manter as portas abertas. A embaixadora Maria Luiza Viotti tem atuado nos bastidores para garantir que temas sensíveis, como a deportação de brasileiros dos EUA, sejam tratados diretamente com o Departamento de Estado, sem necessidade de uma intervenção mais ampla.
Omissão dos EUA em evento diplomático e estratégia brasileira
Outro sinal do afastamento ocorreu durante a reunião de chanceleres em Joanesburgo, na África do Sul, em fevereiro. O encontro representava uma oportunidade para um contato mais próximo entre Brasil e EUA, mas a delegação americana foi representada apenas pela encarregada de negócios da embaixada local, sem a presença de Rubio.
Enquanto alguns veem esse distanciamento como um revés para o Brasil, outros acreditam que pode ser uma vantagem estratégica. O governo Trump tem tratado com agressividade até mesmo aliados tradicionais, como Canadá e países europeus. Dessa forma, evitar um confronto direto pode ser um caminho para preservar as relações comerciais e políticas a longo prazo.
Conflitos comerciais e liberdade de expressão
O Brasil continua sendo citado pelo governo Trump em debates comerciais, especialmente em relação às tarifas sobre o etanol, um ponto de tensão entre os dois países. Além disso, as críticas americanas também envolvem a regulação das big techs que atuam no Brasil, um tema sensível tanto para o governo brasileiro quanto para as empresas do setor.
Apesar do momento turbulento, o Brasil segue apostando no diálogo e na diplomacia para administrar as divergências e evitar um desgaste irreversível com a Casa Branca.