“Ex-Odebrecht envolvido na Lava Jato colombiana é gestor de obras da Braskem”
Os acontecimentos relacionados ao Caso Braskem têm apresentado constantes desenvolvimentos, assemelhando-se a uma trama de novela com revelações diárias e significativas.
Recentemente, surgiu a informação de que um ex-diretor da empreiteira Odebrecht está enfrentando acusações de corrupção na Colômbia, em uma operação semelhante à Lava Jato brasileira. Esse ex-diretor é responsável por obras realizadas pela Braskem em Alagoas, segundo relatos de Alice Maciel no portal “Maceió de Verdade”.
O engenheiro civil Eleuberto Martorelli, que atuou por 22 anos na Odebrecht e agora presta serviços à Braskem por meio da terceirizada MTSul Construções, foi indiciado por corrupção na Colômbia em agosto deste ano. Ele é responsável pela gestão de um contrato milionário entre a Braskem e a MTSul Construções para o fornecimento de areia destinada ao preenchimento das minas de sal-gema, que têm causado afundamento do solo em Maceió.
O contrato, avaliado em aproximadamente R$62,9 milhões, foi firmado em junho de 2022 e tem vigência até dezembro de 2024. Eleuberto Martorelli, que admitiu em delação à Justiça colombiana em 2017 ter pago propinas a políticos e servidores públicos, agora atua como procurador da MTSul e gestor desse contrato com a Braskem.
A Braskem, controlada pela Novonor, empresa que sucedeu a Odebrecht, afirmou possuir um sistema de conformidade para avaliar a integridade de seus parceiros e destacou que os processos de contratação seguem diretrizes empresariais rigorosas, sem a participação do município de Maceió.
A MTSul Construções está sendo investigada pelo Ministério Público Federal por crimes ambientais, urbanos e contra o patrimônio cultural. A empresa, fundada por Antoninho Bozetti, tem vínculos com a família do prefeito de Maceió, Mário Roberto Candia Figueiredo.
As obras em questão fazem parte do acordo socioambiental firmado entre a Braskem, os Ministérios Públicos Federal e Estadual, e a prefeitura de Maceió. Desde 2019, as operações da Braskem na cidade estão suspensas devido aos riscos de tremores causados pela extração de sal-gema. Em julho, a Braskem concordou em pagar R$1,7 bilhão à prefeitura de Maceió como parte de um acordo para indenizações e aquisição de terrenos abandonados pelos moradores.
A MTSul Construções é administrada pelos filhos de Antoninho Bozetti e faz parte de uma holding que abrange setores como mineração e agropecuária. A prefeitura e a Braskem destacam que a escolha de prestadores de serviços cabe exclusivamente à empresa mineradora e que as obras são de sua responsabilidade, executadas com recursos privados e sob supervisão dos órgãos de controle do acordo socioambiental.