
Exclusão Polêmica: Diretor da PF Deixa Folha Fora de Coletiva e Silencia sobre Motivo
Atitude inédita levanta questionamentos sobre liberdade de imprensa e transparência no governo
O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, realizou nesta quarta-feira (4) uma entrevista coletiva na sede da corporação em Brasília, mas surpreendeu ao excluir a Folha de S.Paulo do evento — uma atitude incomum, especialmente em um encontro destinado a grandes veículos de comunicação do país. Questionado pela reportagem sobre os motivos do veto, Andrei se recusou a dar explicações.
Mesmo após contato direto com o diretor-geral durante uma reunião do Conselho Nacional de Secretários de Segurança Pública (Consesp), em Brasília, a resposta foi evasiva: “Vocês mandaram e-mail, né? Não vou comentar”, limitou-se a dizer. Procurado, o Ministério da Justiça, ao qual a PF está subordinada, também não se posicionou, deixando a responsabilidade exclusivamente com a corporação.
Coletiva e Pauta Sensível
A coletiva abordou temas delicados, como o relatório sobre a tentativa de golpe no fim do governo Jair Bolsonaro, que resultou no indiciamento de 37 pessoas, incluindo o ex-presidente. A Folha, embora não convidada, obteve o áudio completo do encontro, que durou mais de duas horas. Entre os pontos discutidos, estavam lacunas na investigação da trama golpista e as decisões da PF em não ouvir integrantes do Alto Comando do Exército, apontados como peça-chave para barrar o plano.
Em suas respostas, Andrei alegou que a decisão de não incluir os militares na apuração foi técnica e negou interferência política. Ele também reforçou que as acusações contra Bolsonaro e seus aliados se concentram nos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado, minimizando especulações sobre planos de assassinatos.
Repercussões e Polêmica
O silêncio do diretor-geral frente ao veto gerou reações no meio jornalístico, levantando preocupações sobre possíveis retaliações à imprensa crítica. A Folha tem publicado, desde a divulgação do relatório da PF, uma série de reportagens analisando lacunas e bastidores da investigação, mantendo seu compromisso com o jornalismo crítico e plural.
A exclusão da coletiva se soma a outras atitudes controversas de Andrei no governo Lula, como antecipar informações sigilosas de investigações em curso. A postura tem gerado desconforto, tanto no meio político quanto entre especialistas em segurança pública, que veem a necessidade de maior equilíbrio entre transparência e confidencialidade.
A questão também reacendeu debates sobre liberdade de imprensa e a importância de assegurar que todos os veículos de comunicação tenham acesso igualitário às informações de interesse público. O silêncio do chefe da PF só intensificou as críticas, alimentando dúvidas sobre as razões reais por trás do veto.