
Exportações Agrícolas dos EUA em Risco com Ameaça Tarifária de Trump
Tensão Comercial Entre EUA e China Pode Prejudicar Setor Agrícola Americano
As exportações de produtos agrícolas dos Estados Unidos para a China, que já haviam sofrido um declínio significativo desde a guerra comercial entre Washington e Pequim durante o primeiro mandato de Donald Trump, podem cair ainda mais. Isso ocorre porque Pequim se prepara para reagir a novas tarifas impostas pelos EUA.
O ex-presidente e candidato Donald Trump ameaçou adicionar uma tarifa extra de 10% sobre produtos chineses, elevando a carga tributária total para 20% sobre mercadorias vindas da segunda maior economia do mundo. Em resposta, o governo chinês deve adotar medidas retaliatórias, incluindo tarifas e restrições não tarifárias, que impactariam fortemente os produtos agrícolas americanos, de acordo com o Global Times, jornal estatal chinês.
A Importância do Mercado Chinês
Apesar da queda nas exportações desde 2018, a China ainda é um dos principais mercados para os produtores rurais dos EUA. Em 2024, os chineses compraram US$ 29,25 bilhões em produtos agrícolas americanos, uma redução de 14% em relação a 2023 e de 20% comparado a 2022. Com o agravamento das tensões comerciais, essa tendência de queda pode se intensificar.
Mesmo com Pequim diversificando seus fornecedores e aumentando a produção nacional para garantir maior segurança alimentar, a China ainda é vista pelos agricultores dos EUA como um parceiro comercial essencial e de difícil substituição.
Impacto Sobre os Principais Produtos Exportados
Soja
A soja é o produto agrícola mais exportado pelos EUA para a China. Em 2024, cerca de metade da soja americana foi destinada ao país asiático, movimentando US$ 12,8 bilhões. No entanto, a China tem ampliado a compra do produto brasileiro, mais barato e abundante, reduzindo a participação dos EUA no mercado chinês para 21%, uma queda drástica em relação aos 40% registrados em 2016.
Milho
Os Estados Unidos foram, por décadas, o principal fornecedor de milho para a China, mas essa dinâmica mudou a partir de 2022, quando Pequim autorizou a importação de milho brasileiro. Como resultado, as exportações americanas caíram de US$ 2,6 bilhões em 2023 para apenas US$ 561 milhões em 2024.
Carnes e Derivados
A China representa um mercado crucial para cortes de frango, orelhas de porco e vísceras dos EUA, itens com baixa demanda no mercado interno americano. No entanto, a venda desses produtos caiu de US$ 4,11 bilhões em 2021 para US$ 2,54 bilhões em 2024.
Algodão
O algodão americano tem na China seu principal destino, com 25% das exportações destinadas ao país. No entanto, as vendas caíram de US$ 1,57 bilhão em 2023 para US$ 1,49 bilhão em 2024, reflexo de uma menor demanda no setor têxtil chinês.
Sorgo
A China importou US$ 1,73 bilhão em sorgo dos EUA em 2024, um leve aumento em relação aos US$ 1,52 bilhões de 2014. No entanto, o país tem buscado alternativas como sorgo da Austrália e Argentina, além do milho brasileiro.
Trigo
As importações chinesas de trigo americano alcançaram quase US$ 600 milhões em 2024, o maior volume em três anos. Contudo, a ampla oferta interna do grão deve reduzir ainda mais a dependência da China pelo trigo dos EUA nos próximos meses.
Perspectivas para o Futuro
Com a escalada das tensões comerciais e as ameaças tarifárias de Trump, as exportações americanas para a China correm o risco de sofrer quedas ainda mais acentuadas. Pequim está cada vez mais diversificando seus fornecedores, privilegiando mercados como o Brasil, Austrália e Argentina, o que pode reduzir ainda mais a participação dos EUA no comércio global de commodities agrícolas.
Os agricultores americanos já enfrentam desafios para manter a competitividade em um cenário de crescente incerteza política e econômica. Resta saber se haverá espaço para uma reaproximação comercial entre as duas potências ou se o distanciamento será definitivo.