Falas de Lula e cenário fiscal faz dólar bater novo recorde e superar R$ 5,58

Falas de Lula e cenário fiscal faz dólar bater novo recorde e superar R$ 5,58

O alívio foi breve. O dólar à vista (USDBRL) voltou a disparar nas primeiras horas desta sexta-feira (28), novamente com o cenário fiscal em destaque para os investidores.

Por volta das 11h (horário de Brasília), a moeda norte-americana atingiu a cotação de R$ 5,849 no mercado à vista, registrando alta de 1,41%. Acompanhe o Tempo Real.

O movimento do dólar contraria a tendência externa. O índice DXY, que compara o dólar americano com uma cesta de seis moedas fortes, operava com leve queda de 0,03%, refletindo os dados de inflação dos EUA, que vieram em linha com o esperado para maio.

Ontem (27), o dólar havia fechado em queda, a R$ 5,5075, após dez sessões consecutivas de alta.

Em junho, a moeda acumula valorização de mais de 6% e, no ano, cerca de 15%.

A dívida bruta do Brasil subiu mais do que o esperado em maio, enquanto o setor público consolidado apresentou déficit primário maior que o previsto, conforme dados divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira (28).

A dívida pública bruta do país em relação ao PIB fechou maio em 76,8%, contra 76,3% no mês anterior. Já a dívida líquida foi a 62,2%, ante 61,5%. As expectativas da pesquisa da Reuters eram de 76,4% para a dívida bruta e de 61,9% para a líquida.

O setor público consolidado (governo central, estados, municípios e estatais, exceto Petrobras e Eletrobras) teve déficit primário de R$ 63,895 bilhões em maio, após superávit de R$ 6,688 bilhões em abril. Economistas consultados pela Reuters projetavam um saldo negativo de R$ 58,0 bilhões.

Esse foi o pior desempenho das contas públicas para o mês desde 2020, quando o resultado foi um déficit de R$ 131,4 bilhões. Em maio de 2023, houve déficit primário de R$ 50,172 bilhões.

O resultado primário reflete a diferença entre receitas e despesas do setor público, antes do pagamento dos juros da dívida pública.

Além disso, a taxa de desemprego no Brasil caiu mais do que o esperado no trimestre até maio, atingindo o patamar mais baixo para o período em 10 anos, com o menor número de pessoas buscando emprego desde 2015 e novo aumento da renda.

A taxa ficou em 7,1% no trimestre encerrado em maio, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou abaixo da expectativa da pesquisa da Reuters, que era de 7,3%.

“Esse cenário (de aumento da renda), juntamente com o desemprego baixo, tem contribuído para uma massa de rendimentos que segue batendo recordes. Pensando agora nas suas implicações para o cenário de médio prazo, a dinâmica inflacionária traz alguma preocupação, especialmente com a nova regra do salário mínimo”, alerta Igor Cadilhac, economista do PicPay.

Lula, mais uma vez O avanço do dólar hoje também reflete novas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O chefe do Executivo voltou a criticar o Banco Central e seu presidente, Roberto Campos Neto.

Em entrevista à rádio FM O Tempo, de Minas Gerais, ele afirmou que o atual patamar da taxa básica Selic, de 10,50% ao ano, é “irreal” diante de uma inflação que está controlada.

Ele também cobrou providências do BC sobre a taxa de câmbio.

“Por que o dólar está subindo? Porque há especulação com derivativos na perspectiva de valorizar o dólar e desvalorizar o real. E o Banco Central tem a obrigação de investigar isso”, disse Lula.

No entanto, ontem (27), Campos Neto afirmou que os pronunciamentos recentes feitos por Lula têm impactado negativamente os preços de mercado. O presidente do BC também disse que fazer intervenção no câmbio teria pouca funcionalidade no cenário atual.

“Como tratamos o câmbio como flutuante, entendemos que a atuação deve ocorrer apenas por alguma disfuncionalidade pontual, não fazemos intervenção visando a nenhum nível específico”, afirmou durante entrevista coletiva sobre o Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

Com informações da Reuters

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