
“Falei o que não devia”: Ex-secretário de Bolsonaro se arrepende de ataques a Lula nas redes
Na mira do STF, Antonio Lorenzo admite que passou dos limites após os atos golpistas de 2022
O ex-secretário executivo do Ministério da Justiça no governo Bolsonaro, Antonio Ramirez Lorenzo, apareceu no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (28) e, diante dos ministros, assumiu que exagerou — e se arrepende — das publicações ofensivas que fez contra o presidente Lula e o ministro do STF Luís Roberto Barroso, lá em 2022. Na época, Lula acabava de ser eleito, e Barroso presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em tom de quem reconhece que errou, Lorenzo disse que aprendeu da pior forma que redes sociais não são “praça pública” e que, às vezes, é melhor ficar calado. As declarações surgiram durante seu depoimento como testemunha de defesa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, investigado por participação na tentativa de golpe.
O próprio ministro Alexandre de Moraes puxou o assunto ao lembrar das postagens do ex-secretário, que, no auge da tensão, chamou Barroso de “adolescente metido a influencer” e Lula de “vergonha nacional”. Isso foi logo após os atos de vandalismo que tomaram conta de Brasília, em dezembro de 2022.
— Foi no calor da emoção. Se eu pudesse voltar no tempo, guardava minha opinião pra mim — admitiu Lorenzo, com visível desconforto.
👉 Críticas inflamadas nas redes e arrependimento tardio
O estopim para as críticas foi uma entrevista coletiva dada por Flávio Dino — que, na época, era apenas indicado para assumir o Ministério da Justiça no governo Lula. Lorenzo, incomodado, disparou nas redes que Dino estava fazendo “estardalhaço” e atacou:
— A esquerda não tem poder, não é governo, mas faz showzinho. Brasil rumo ao buraco, Lula é uma vergonha nacional — escreveu na ocasião.
🎯 Bastidores da live golpista e desconforto interno
No depoimento, Lorenzo também revelou que ficou “assustado” quando soube que Bolsonaro planejava fazer aquela famosa live, em 2021, cheia de acusações infundadas contra as urnas eletrônicas. Segundo ele, o clima era de tensão total, e o plano era tentar proteger Anderson Torres, expondo-o o mínimo possível.
— Era um tema muito sensível. A ideia era levar um conteúdo técnico, que não comprometesse o ministro — contou.
Por pouco, disse ele, Torres não escapou da transmissão. Bolsonaro chegou até a simular que encerraria a live, mas um auxiliar entrou de fininho na sala, cutucou o presidente e avisou que o ministro estava na porta com o tal relatório em mãos.
🛑 Defesa tenta blindar Anderson Torres
Durante as audiências, os advogados de Torres tentaram reforçar a tese de que o ex-ministro não estava envolvido em qualquer plano contra as eleições. Para eles, Torres teria sido apenas “convocado” por Bolsonaro para participar dos episódios mais polêmicos — como a live das urnas — sem estar diretamente comprometido.
Outra linha da defesa mirou em uma reunião da Procuradoria-Geral da República (PGR), apontada como o momento em que foi decidido o aumento das blitze da Polícia Rodoviária Federal no Nordeste no segundo turno. Segundo Lorenzo, não houve plano para favorecer Bolsonaro, apenas combate a crimes eleitorais.
— Anderson sempre separou o que era função institucional do que era opinião pessoal — defendeu Lorenzo.
⚖️ Moraes perde a paciência com versão da PM do DF
Outro depoente do dia, o coronel da Polícia Militar do Distrito Federal Rosivan Correia de Souza, ouviu poucas e boas de Alexandre de Moraes. O militar tentou sustentar que a PM não estava “subordinada” à Secretaria de Segurança Pública, então comandada por Anderson Torres, mas apenas “vinculada”.
A resposta tirou Moraes do sério:
— Então o secretário de Segurança é o quê? Uma rainha da Inglaterra? — disparou, ironizando. E completou:
— Dizer que o secretário não manda na polícia é como dizer que o presidente não é chefe das Forças Armadas.
O clima ficou pesado no Supremo, e as oitivas seguem nos próximos dias, com a expectativa de mais revelações sobre os bastidores da tentativa de golpe de 2022.
Se quiser, posso transformar esse texto em um roteiro para vídeo, postagem para redes ou matéria jornalística. Quer?