
Famílias em risco: 300 ocupantes podem ser despejados no centro de São Paulo
Comunidade teme perder moradia em prédio ocupado há mais de uma década
Cerca de 300 famílias que vivem em um prédio público abandonado no centro de São Paulo estão apreensivas com a possibilidade de despejo. A prefeitura pretende implementar uma Parceria Público-Privada (PPP) para revitalizar a região, o que pode forçar a saída dos moradores que ocupam o local desde 2011.
O projeto, apresentado em janeiro, prevê a reutilização de quatro prédios para fins de moradia e atividades culturais. Entre esses imóveis está o Complexo Boticário, onde vivem as famílias, que poderia ser convertido em residência estudantil. No entanto, o plano da prefeitura não deixa claro qual será o destino dos atuais ocupantes.
A ocupação está localizada no bairro da República, uma região central e bem conectada com transportes públicos. Em frente ao prédio, há um ponto de ônibus que facilita o deslocamento dos moradores. Nas proximidades, encontra-se um terreno vazio onde antes ficava o edifício Wilson Paes de Almeida, que foi destruído por um incêndio e desabou em 2019.
Muitos dos moradores, como Laudilene Sousa Soares, estão na ocupação desde o início. Ela trabalha como babá e viu no prédio abandonado uma chance de ter um teto para sua família. Com pequenas reformas, o espaço foi transformado em moradia digna.
De acordo com Jomarina da Fonseca, coordenadora do movimento de moradia, a proposta de oferecer um aluguel social de R$ 400 não atende às necessidades das famílias, que reivindicam soluções definitivas. Uma pesquisa imobiliária na região mostrou que um apartamento de um quarto não custa menos de R$ 1.000, tornando inviável para os moradores encontrarem alternativas dentro do orçamento.
Em resposta, a Secretaria de Habitação afirmou que, caso a PPP avance, haverá um plano para atender as famílias afetadas. No entanto, os detalhes dessa assistência ainda não foram divulgados, aumentando a insegurança entre os ocupantes do prédio.