
Famílias em risco: a luta contra o despejo no centro de São Paulo
Moradores da Ocupação Rio Branco temem remoção por projeto de revitalização urbana
Cerca de 300 famílias que vivem em um prédio público abandonado no centro de São Paulo desde 2011 estão apreensivas com a possibilidade de despejo. A preocupação surgiu após a prefeitura apresentar um projeto de Parceria Público-Privada (PPP) para reocupar imóveis da região e transformá-los em moradias estudantis e espaços culturais. O futuro das famílias que atualmente residem no local, porém, ainda é incerto.
O projeto prevê a chamada “ativação” de quatro prédios na área, incluindo o Complexo Boticário, onde essas famílias construíram suas vidas nos últimos 11 anos. Apesar do plano de revitalização, não há qualquer indicação clara sobre o destino dessas pessoas caso a PPP avance.
Localizado no bairro da República, o edifício ocupado está em uma área de grande circulação, com um ponto de ônibus na frente e um terreno baldio nas proximidades — este, por sua vez, abrigava o antigo edifício Wilson Paes de Almeida, que foi destruído por um incêndio e colapsou em 2019, deixando dezenas de famílias desabrigadas.
Entre os moradores da ocupação está Laudilene Sousa Soares, que vive no prédio desde o início da ocupação. Trabalhando como babá, ela explica que a decisão de ocupar o prédio foi uma questão de necessidade. “Não tivemos escolha. Os aluguéis na cidade são impossíveis para quem tem baixa renda”, desabafa.
A coordenadora do movimento de moradia, Jomarina da Fonseca, destaca que uma eventual proposta de aluguel social no valor de R$ 400 é inviável para os moradores, que exigem soluções definitivas. “Hoje, na região, é impossível alugar um apartamento de um quarto por menos de R$ 1.000. Esse valor não atende as necessidades reais dessas famílias”, afirma.
Diante das incertezas, a Secretaria de Habitação da prefeitura declarou em nota que, caso a PPP avance, serão adotadas medidas para atender as famílias afetadas. No entanto, sem garantias concretas, os moradores seguem temendo pelo futuro e lutam pelo direito à moradia digna.