
Filho de Lewandowski é citado em caso de fraude no INSS, e ministro nega envolvimento do Ministério da Justiça
Escritório de Enrique Lewandowski assinou contrato com entidade investigada pela PF, mas ministro afirma que não houve qualquer influência ou atuação na sua pasta.
O escândalo que envolve fraudes bilionárias no INSS ganhou novos contornos nesta terça-feira (29), quando o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, foi pressionado a dar explicações sobre o envolvimento do escritório de seu filho, Enrique Lewandowski, com uma das entidades investigadas pela Polícia Federal.
Durante audiência na Comissão de Segurança Pública da Câmara, o ministro foi direto: “Não houve nenhuma atuação do escritório junto ao Ministério da Justiça. Nenhuma audiência, nenhum pedido, absolutamente nada que comprometesse a autonomia da pasta”, garantiu ele, tentando afastar qualquer suspeita de interferência.
O caso veio à tona após o portal Metrópoles revelar que o escritório de Enrique firmou, no ano passado, um contrato com o Cebap (Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas), entidade que, segundo a CGU, recebeu R$ 139 milhões por meio de descontos em folha de aposentados entre 2019 e 2024 — parte de um esquema que desviou R$ 6,3 bilhões em cinco anos.
O contrato previa que o escritório atuasse de forma “institucional” perante órgãos como o INSS, CGU, TCU e Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor, ligada ao próprio Ministério da Justiça), prestando assessoria jurídica para manter acordos que viabilizam os descontos — atualmente sob investigação.
Em nota, Enrique Lewandowski alegou que o acordo se limita a serviços administrativos e não envolve defesa criminal ou qualquer tipo de interferência ministerial. Segundo o documento, a proposta previa um pagamento de R$ 200 mil mensais divididos entre três escritórios, sendo R$ 50 mil destinados à banca do filho do ministro.
Apesar da negativa de envolvimento direto com o Ministério da Justiça, o episódio reacende o debate sobre conflitos de interesse e influência política em contratos com entidades públicas, ainda mais em um momento em que o país assiste atônito à revelação de uma das maiores fraudes já registradas contra aposentados e pensionistas.