
Filho de Ministro Lewandowski recebeu R$ 50 mil por mês de entidade envolvida em fraude no INSS
Quatro meses antes de operação da PF, escritório de Enrique Lewandowski foi contratado para defender entidade acusada de desviar bilhões de aposentados
Em meio a um dos maiores escândalos de fraude já registrados na Previdência Social, surge um nome que liga diretamente o caso ao alto escalão do governo federal: Enrique Lewandowski, advogado e filho do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. De acordo com informações do portal Metrópoles, o filho do ministro foi contratado, em dezembro de 2024, pelo Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas (Cebap) — uma das entidades agora investigadas pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento em descontos indevidos em aposentadorias do INSS.
O contrato, firmado quatro meses antes da deflagração da operação da PF, previa o pagamento mensal de R$ 200 mil, dos quais R$ 50 mil eram destinados diretamente ao escritório de Enrique Lewandowski. A justificativa do acordo era a prestação de serviços na área de direito administrativo, com foco em articulação institucional junto a órgãos como o INSS, a Controladoria-Geral da União (CGU), o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vinculada justamente ao Ministério da Justiça.
O objetivo declarado da atuação era evitar que o Cebap perdesse o Acordo de Cooperação Técnica (ACT) que permite os descontos automáticos na folha de pagamento dos aposentados — justamente o mecanismo usado no esquema que pode ter causado prejuízos de até R$ 6,3 bilhões.
A assessoria do ministro Ricardo Lewandowski declarou que não houve nenhuma interferência ou atuação de seu filho no âmbito do Ministério da Justiça, enquanto Enrique Lewandowski afirmou, por nota, que seu contrato não tem relação com causas criminais, e que ele nunca atuou em processos dentro da pasta comandada por seu pai.
Mesmo assim, o envolvimento do nome Lewandowski em meio a um escândalo dessa magnitude acendeu o alerta em Brasília. O contrato previa inclusive participação em reuniões com autoridades públicas de órgãos hoje envolvidos na apuração das fraudes, o que levanta questionamentos sobre possíveis conflitos de interesse e favorecimento.
Após a repercussão da operação, o Ministério da Previdência suspendeu todos os ACTs vigentes e prometeu devolver os valores descontados indevidamente dos segurados em abril.