
Flávio Bolsonaro contradiz Eduardo e nega conversa sobre Moraes com enviado dos EUA
Senador diz que tratou de combate ao crime organizado, enquanto irmão falava em sanções contra ministro do STF.
Em meio a uma nova controvérsia familiar, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) precisou desmentir publicamente o irmão Eduardo Bolsonaro (PL-SP), após o deputado afirmar que os dois teriam discutido com autoridades dos Estados Unidos possíveis sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Flávio recebeu nesta segunda-feira (5/5), em seu gabinete no Senado, o conselheiro sênior do Departamento de Estado americano, Ricardo Pita. Mas, ao contrário do que Eduardo havia sugerido, o senador garantiu que o encontro não teve qualquer relação com medidas contra o magistrado do STF.
“Essa reunião não teve nada a ver com sanções contra quem quer que seja. Essa pauta não foi tratada aqui”, declarou Flávio após o encontro, que durou cerca de 40 minutos.
A confusão começou quando Eduardo Bolsonaro afirmou que David Gamble — especialista em sanções do governo dos EUA — se reuniria com ele, com o irmão senador e também com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Para Eduardo, o foco da visita seria justamente a perseguição que, segundo ele, estaria sendo promovida por Moraes. Ele chegou a dizer que foi convidado a sugerir reuniões com brasileiros “perseguidos”.
Mas Gamble sequer apareceu no encontro com Flávio. Quem foi ao Senado foi Ricardo Pita, com quem o senador diz ter discutido estratégias para combater o crime organizado de forma internacional. Segundo Flávio, a conversa abordou temas como as ações de facções brasileiras, incluindo o Comando Vermelho e o PCC, e possíveis vínculos dessas organizações com grupos terroristas, como o Hezbollah.
“Nós precisamos dessa cooperação internacional para lidar com esses criminosos que já têm atuação global”, afirmou.
Ao ser questionado novamente sobre a suposta pauta contra Moraes, Flávio desconversou e afirmou que isso estaria sendo tratado “por Eduardo, nos Estados Unidos”. Ele reforçou que a reunião desta segunda “foi coincidência” e que seu foco era outro.
Com o constrangimento instalado, ficou claro que, mais uma vez, a ala bolsonarista se atrapalha nas versões — e no jogo de cena para plateias distintas, aqui e lá fora. Enquanto Eduardo tenta manter viva a narrativa de perseguição política, Flávio opta por um tom mais diplomático, evitando confronto direto com as instituições brasileiras.