
Fraude Bilionária no INSS: Gleisi Banca Lupi e Diz que Lula Escolherá Novo Chefe do Instituto
Ministra afirma que Carlos Lupi não é alvo direto da Polícia Federal e tenta afastar pressão por sua demissão, enquanto governo promete rigor na apuração do escândalo que desviou bilhões dos aposentados.
Em meio ao escândalo que abalou a Previdência Social, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, saiu em defesa do ministro Carlos Lupi, nesta quarta-feira (30). Ela garantiu que o pedetista segue no comando da pasta porque, segundo ela, não há nenhuma investigação da Polícia Federal diretamente contra ele.
O esquema, que desviou bilhões de reais por meio de descontos irregulares em aposentadorias e pensões do INSS, colocou o governo Lula contra a parede. A Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal identificaram uma rede de fraudes envolvendo ao menos 11 entidades. Como resposta imediata, o presidente Lula exonerou Alessandro Stefanutto da presidência do INSS, mas manteve Lupi no cargo.
— Não há nenhum elemento no inquérito que acuse o ministro Lupi. O presidente Lula é muito cuidadoso com a presunção de inocência. Se não há prova contra ele, não há motivo para afastá-lo — afirmou Gleisi em entrevista à GloboNews.
A ministra também reforçou que a escolha do novo presidente do INSS será feita exclusivamente por Lula, e não por Lupi. Apesar da pressão por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), já protocolada por deputados da oposição com 184 assinaturas, Gleisi minimizou o movimento:
— O governo vê com naturalidade qualquer investigação. A própria Polícia Federal já está atuando com profundidade. E é bom lembrar: parte desses problemas começou em gestões passadas, quando a oposição estava no comando da Previdência — alfinetou, citando nomes do governo Bolsonaro.
O escândalo revelou que entre 2019 e 2024, R$ 6,3 bilhões foram descontados de aposentados sob o pretexto de filiações a entidades das quais muitos jamais ouviram falar. Tudo isso sem autorização dos beneficiários.
Com a repercussão negativa e a indignação popular, o governo decidiu suspender todos os acordos que permitiam esses descontos automáticos. Gleisi afirmou que Lupi já deu os devidos esclarecimentos e que agora deve focar em resolver a crise:
— A orientação do presidente é clara: adotar todas as medidas necessárias para corrigir essa situação e garantir que os aposentados sejam respeitados.
Como Funcionava a Fraude
O esquema funcionava como uma verdadeira armadilha financeira contra aposentados e pensionistas. Pessoas eram registradas como filiadas a entidades e associações de classe sem sequer saberem disso — e, pior, sem jamais terem autorizado qualquer desconto. Todo mês, parte da aposentadoria era subtraída como se fosse uma contribuição voluntária. Um golpe silencioso, que drenou bilhões de quem menos pode pagar.
A Polícia Federal e a CGU descobriram que as associações se beneficiavam de convênios com o INSS, permitindo os descontos diretamente na folha. O truque? Os beneficiários nem sequer sabiam que estavam “associados”. As investigações ainda vão determinar o quanto desse rombo de R$ 6,3 bilhões foi de fato ilegal — mas a forma como foi feito já escancara o abuso.
Quem é o “Careca” do INSS
O apelido pode soar irreverente, mas o caso é sério. Alessandro Stefanutto, então presidente do INSS, foi o principal nome ligado à gestão do órgão durante o período investigado. Embora não haja confirmação de seu envolvimento direto no esquema, foi durante sua administração que os convênios com as associações se multiplicaram.
A pressão pública e o avanço das investigações levaram Lula a demiti-lo após a operação da PF. Stefanutto se tornou símbolo de um INSS que deixou de proteger e passou a expor os mais vulneráveis — os aposentados.
Como Recuperar o Dinheiro Descontado Indevidamente
Se você é aposentado ou pensionista e desconfia que pode ter sido vítima do esquema, o primeiro passo é acessar o Meu INSS (pelo site ou aplicativo) e verificar seu histórico de pagamentos. Há uma aba específica para consultar “Descontos de Associações”.
Caso encontre alguma cobrança não reconhecida, o ideal é:
- Registrar uma reclamação diretamente no INSS, via site, app ou telefone 135.
- Formalizar uma denúncia na Ouvidoria da Previdência Social.
- Buscar orientação no Procon ou no Ministério Público, especialmente se houver valores relevantes ou danos financeiros significativos.
O governo prometeu acelerar os processos de devolução, mas, por enquanto, cada caso será analisado individualmente. Há pressão para que uma medida coletiva de ressarcimento seja implementada — afinal, os lesados são muitos e o prejuízo, bilionário.