Fraude milionária no INSS: investigada fez 33 viagens em um ano, com destinos de luxo como Dubai e Paris

Fraude milionária no INSS: investigada fez 33 viagens em um ano, com destinos de luxo como Dubai e Paris

Enquanto aposentados tinham dinheiro descontado sem autorização, Cecília Rodrigues Mota — alvo da PF — colecionava carimbos no passaporte e ostentava uma vida de luxo bancada por entidades suspeitas.

Cecília Rodrigues Mota, ex-servidora pública e advogada, virou um dos principais rostos da operação “Sem Desconto”, que expôs um esquema bilionário de fraudes contra aposentados do INSS. Segundo a Polícia Federal, entre janeiro e novembro de 2024, ela embarcou em nada menos que 33 viagens, incluindo roteiros internacionais para Dubai, Paris e Lisboa. Em 2023, havia viajado oito vezes — uma diferença que chamou a atenção dos investigadores.

O ritmo frenético de viagens de Cecília, muitas delas acompanhadas por outras seis pessoas, contrasta com a realidade de milhares de aposentados lesados por descontos indevidos. Conforme revelou a Controladoria-Geral da União (CGU), as associações que Cecília presidia teriam recebido mais de R$ 14 milhões, montante vinculado a empresas e entidades envolvidas na fraude.

Cecília esteve à frente de duas entidades: a Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (AAPEN) e a Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB) — ambas registradas no mesmo endereço em Fortaleza, e funcionando simultaneamente por cerca de quatro anos. Segundo a CGU, essa sobreposição levanta suspeitas de que se tratava de uma única organização fragmentada artificialmente, com o objetivo de ampliar lucros e enganar o sistema.

O golpe funcionava por meio dos chamados “descontos associativos”: valores retirados diretamente do pagamento de aposentados sem autorização, muitas vezes com assinaturas falsas. A investigação da PF revelou que, de 2019 a 2024, até R$ 6,3 bilhões podem ter sido desviados por meio desse esquema.

Além do rastro de luxo, a operação da PF cumpriu 211 mandados de busca e apreensão em 13 estados e no Distrito Federal. Cecília foi um dos alvos e, até o momento, sua defesa ainda não se manifestou publicamente.

O caso escancara a vulnerabilidade dos mecanismos de proteção aos aposentados no Brasil e mostra como o dinheiro suado de quem trabalhou a vida toda serviu, ao que tudo indica, para bancar uma vida de alto padrão e viagens internacionais de luxo.

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