Fraudes no INSS: Lupi admite atraso e culpa burocracia pela demora nas investigações

Fraudes no INSS: Lupi admite atraso e culpa burocracia pela demora nas investigações

Ministro da Previdência diz que denúncias de descontos ilegais em aposentadorias levaram “tempo demais” para serem apuradas; alertas foram feitos quase um ano antes da primeira ação.

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, reconheceu nesta segunda-feira (28) que o INSS demorou além da conta para investigar fraudes envolvendo descontos irregulares em aposentadorias e pensões. As declarações foram dadas durante uma reunião do Conselho Nacional da Previdência Social, em Brasília.

A fala veio dias depois da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), que revelou um esquema milionário de desvios em benefícios pagos pelo INSS — algo que pode ter causado um prejuízo de até R$ 6,3 bilhões aos aposentados e pensionistas.

Segundo Lupi, as primeiras denúncias já haviam chegado em 2023, mas o andamento das investigações foi arrastado. “Desde junho do ano passado, orientei o INSS a apurar essas denúncias. Infelizmente, levou-se tempo demais”, admitiu o ministro. Ele alegou que o INSS, por ser uma estrutura complexa, não poderia ter respostas rápidas, comparando-o a algo bem diferente de um “botequim de esquina”.

Reportagem exclusiva da TV Globo revelou que os alertas sobre descontos não autorizados começaram ainda em junho de 2023, durante uma reunião do próprio conselho. Na ocasião, uma conselheira pediu urgência na apuração dos acordos de cooperação que permitiam os descontos. O ministro considerou a denúncia importante, mas disse que seria necessário mais tempo para levantar dados. A pauta acabou adiada — e esquecida por meses.

Só em março de 2024, quando o caso já estava nas mãos da CGU e do Tribunal de Contas da União (TCU), o INSS publicou novas regras para tentar barrar os golpes.

O desgaste aumentou depois que veio à tona que Alessandro Stefanutto, então presidente do INSS — indicado pelo próprio Lupi —, foi afastado e demitido após a operação policial.

Apesar da pressão interna, Carlos Lupi tentou minimizar sua responsabilidade. Disse que a conselheira que alertou sobre as fraudes “não apresentou provas” e defendeu que o governo não foi omisso. “Não temos receio algum. Estamos aqui para defender os 40 milhões de aposentados e pensionistas”, afirmou.

O ministro ainda frisou que novas medidas só serão tomadas após a conclusão das investigações da PF e da CGU.

Enquanto isso, as famílias de aposentados e pensionistas seguem esperando que as fraudes sejam de fato corrigidas — sem mais demora.

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