
Fuga Histórica de Dólares: Brasil Enfrenta Maior Saída Desde 1982
Apesar da balança comercial positiva, saída financeira abala mercado cambial
Entre janeiro e outubro deste ano, o Brasil testemunhou um marco preocupante: uma saída líquida de US$ 56,21 bilhões pela via financeira, segundo o Banco Central. Esse resultado é o pior desde o início da série histórica, em 1982, superando até mesmo o saldo negativo de US$ 55,36 bilhões registrado em 2020, no auge da pandemia de Covid-19.
Dinheiro voando para fora
O fluxo financeiro, que reflete entradas e saídas de dólares em operações como investimentos em títulos, remessas de lucros e dividendos para o exterior, e investimentos estrangeiros diretos, está em rota alarmante. A tendência é de que 2024 feche com a maior saída de dólares já registrada, superando o recorde de US$ 65,8 bilhões em 2019.
Comércio salva o fluxo cambial geral
Apesar desse cenário sombrio, o fluxo cambial total ainda é positivo, graças à robustez da balança comercial. De janeiro a outubro, as entradas comerciais compensaram parte das perdas, com destaque para o superávit de US$ 3,4 bilhões em outubro.
Déficit em transações correntes aumenta
No entanto, outros indicadores seguem preocupando. O déficit em transações correntes foi de US$ 5,88 bilhões em outubro, em contraste com o superávit de US$ 451 milhões no mesmo mês do ano passado. Revisões nas contas externas também apontaram um déficit maior em 2023, subindo de US$ 21,7 bilhões para US$ 24,5 bilhões, principalmente devido ao aumento no déficit de renda primária.
Investimentos diretos dão fôlego limitado
Embora os investimentos diretos no Brasil tenham alcançado US$ 5,7 bilhões em outubro, acima dos US$ 3,1 bilhões no mesmo período de 2023, esse aumento não é suficiente para conter o impacto da saída recorde de recursos.
Enquanto a balança comercial segura o fluxo cambial, o Brasil enfrenta um desafio significativo no mercado financeiro. A combinação de déficits crescentes e saída de capital ameaça a estabilidade econômica e requer medidas urgentes para atrair e reter investimentos no país.