“Gabinete da Primeira-Dama: Janja Condena Machismo na Estrutura Governamental”

“Gabinete da Primeira-Dama: Janja Condena Machismo na Estrutura Governamental”

Ausência de espaço formal reflete preconceitos históricos, aponta socióloga

Rosângela Lula da Silva, conhecida como Janja, expressou sua insatisfação com a inexistência de um gabinete formal para a primeira-dama no Brasil, atribuindo essa lacuna ao machismo estrutural. Durante entrevista à CNN Brasil no último domingo (17), Janja destacou que países como Estados Unidos, México e Paraguai já possuem estruturas institucionais voltadas ao trabalho das primeiras-damas.

“A primeira-dama dos Estados Unidos tem um gabinete, e outras também têm”, afirmou. Ela mencionou que recentemente recebeu uma carta da primeira-dama do Paraguai, enviada pelo “gabinete da primeira-dama”, enquanto no Brasil não dispõe de algo semelhante. “Eu nem posso colocar isso no papel”, lamentou.

Janja também revelou que, para realizar qualquer atividade ou comunicação oficial, precisa arcar com os custos do próprio bolso, incluindo até mesmo as roupas usadas em eventos. “Tudo é do meu bolso. Eu pago tudo porque não tenho estrutura nenhuma”, declarou.

A socióloga já havia abordado o tema no passado, argumentando que a criação de um gabinete não seria para obter privilégios, mas para institucionalizar um espaço de atuação. “Nos Estados Unidos, a primeira-dama tem agenda, protagonismo, e ninguém questiona. Por que isso é um problema no Brasil?”, questionou Janja em 2023, durante entrevista ao O Globo.

Segundo ela, o machismo e a resistência à participação ativa das mulheres na política dificultam a implementação de medidas como essa. A primeira-dama também ressaltou que suas opiniões sobre temas importantes são discutidas informalmente em conversas domésticas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Não é porque sou mulher do presidente que vou falar só de maquiagem. Quero me informar e participar.”

A fala reacende o debate sobre o papel das primeiras-damas e como a falta de estrutura para sua atuação reflete desigualdades de gênero ainda arraigadas na sociedade brasileira.

Compartilhe nas suas redes sociais
Categorias